6 Horas de lancha: visitando missão de Calama com P. Jorge
Volto com a alegria de ter aprendido muito e com o desejo de um dia retornar em Calama. Bebi da água do Calama e o P. Jorge nas nossas visitas às famílias não deixou de lembrar isso, pois se diz que “quem bebe água de Calama tem saudades e volta”.
Tive a alegria e a sorte de passar uma semana em Calama, no território da paróquia de S. João Batista, com o padre Jorge, missionário comboniano de nacionalidade colombiana. Esta paróquia faz parte da diocese de Porto Velho e é composta pelas comunidades ribeirinhas do baixo Madeira, área onde trabalha também o P. René, este porém na paróquia de S. Carlos. Com eles tive a sorte de visitar algumas comunidades dos rios Madeira e Machado. A paisagem desta região é simplesmente maravilhosa: rios com grande variedade de peixes, incluindo botos, muitas árvores, flores, bichos, diversidade de passarinhos, jacarés e muitas coisas que ajudam a contemplar a beleza da natureza e convidam a refletir sobre a importância de ter uma espiritualidade ecológica pela preservação do nosso planeta.
As comunidades ribeirinhas que visitamos estão bem longe do centro paroquial; precisamos 2 horas de barco para chegar à comunidade S. Catarina do rio Madeira e mais 6 horas para chegar à comunidade S. Rafael que fica no rio Machado.
Seis horas de lancha para chegar numa comunidade não é pouco, lembrando sobretudo alguém que tem medo do rio e, pior ainda, que não sabe nadar… é uma aventura e uma experiência muito forte. Durante a viajem fazíamos pequenas pausas em algumas comunidades, para avisar que teria missa no dia seguinte. Quando o barco parava, eu pensava que aquele era o destino final, mas não, pois ainda era preciso continuar o caminho.
Aprendi durante esta experiência que quando se diz “não está ainda muito longe” quer dizer que faltam 2 ou até 3 horas para chegar. Nossa Senhora! Mais de uma vez eu me perguntei “Mas… precisa tudo isso para fazer missão?” Perguntei ao P. Jorge quem abriu estas comunidades tão distantes? Me disse que foram os missionários que trabalharam lá antes dele; mas a alegria e a dedicação com que ele assumiu esta sua missão, me levava a acreditar que ele fosse o fundador das comunidades! Ele gosta da sua missão, gosta do seu povo e como bom pastor vai até suas ovelhas mais distantes com paixão e saudades delas. Vi que não é uma missão fácil e, como me disse o P. Jorge, para este tipo de missão é precisa uma pessoa com boa saúde, uma vez que falta de um serviço básico de saúde naquelas regiões. Precisa de muita paciência para caminhar ao ritmo de cada comunidade, de um forte amor por Deus, pela missão e sobretudo pelo povo que vive lá. Quando chegávamos finalmente às comunidades, eu recebia sempre uma resposta à minha interrogação sobre a necessidade de abrir missões tão distantes: Lá, entre o rio e a mata, vivem algumas famílias, nem sempre perto umas das outras, porém ficam felizes por compartilhar a fé e pelas visitas do seu pastor. O povo gosta muito do missionário, assim como ele também gosta do povo. O modo de chamá-lo com carinho, de abraçá-lo não deixou para mim nenhuma dúvida. É este tipo de pastor que o Senhor quer; era isto que S. Daniel Comboni queria dos seus missionários: ser pessoas santas e capazes, com muita paixão por Deus, pela Igreja e pela missão.
Daquilo que eu percebi e vi neste tempinho em Calama e noutras comunidades, acho que a presença das irmãs religiosas será uma ajuda muito importante para as meninas em particular e para os jovens em geral. Um padre sozinho não pode fazer tudo e, como disse S. Daniel Comboni: ”… uma freira é como 3 padres em missão…” A missão em Calama precisa de mais que um padre e sobretudo da colaboração das religiosas. Que o Senhor ajude neste sentido!
Na paróquia de S. João Batista, assim como nas comunidades, senti como o P. Jorge era muito apreciado pela sua simplicidade, humildade e o seu modo de viver, de estar presente e próximo das pessoas, sejam elas católicas ou não. Ele cumprimentava todos, crianças, jovens, idosos, todos… com sorriso e carinho. Neste tempo de visita para conhecer nossa presença e atividades com as comunidades ribeirinhas, aprendi muitas coisas que me ajudarão na minha próxima missão numa das comunidades combonianas do Brasil.
Volto com a alegria de ter aprendido muito e com o desejo de um dia retornar em Calama. Bebi da água do Calama e o P. Jorge nas nossas visitas às famílias não deixou de lembrar isso, pois se diz que “quem bebe água de Calama tem saudades e volta”. Mais que da água, eu gostei muito do povo de Calama e sinto já em mim nascer o desejo de retornar para passar um outro momento com este povo ribeirinho, que tem um coração aberto para todos e sobretudo é um povo muito simples e acolhedor.
Que o Senhor continue a suscitar muitas pessoas com o desejo de servi-lo nos mais pobres, distantes e abandonados. Que ele continue a abençoar estes povos e os seus pastores.
Muito obrigado a Calama e ao P. Jorge pelo carinho e a acolhida, por tudo o que aprendi com o vosso estilo de vida, no silêncio de vocês. Até logo se Deus quiser. Trago uma parte de vocês no meu pobre coração.
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