
A busca da África na Igreja Católica no Brasil
Ser negro(a) no Brasil faz parte das dificuldades que enfrentam a maior parte da juventude negra. Com a ajuda dos movimentos negros e da pastoral afro dentro da Igreja, alguns(as) jovens católicos(as) conseguiram superar essa dificuldade, aceitando e assumindo a sua negritude, ou seja, a sua identidade negra. No entanto, dentro do próprio espaço religioso surge uma nova dificuldade: ser negro(a) na Igreja. A descoberta da negritude parecia estar em dicotomia com as normas da Igreja e colocava-se o novo desafio de saber como a identidade negra poderia ganhar corpo e cor também nesse espaço. Trata-se de incluir na prática da fé católica, os elementos diacríticos como tranças, turbante, vestimentas, penteados e alguns símbolos da África negra como danças, tambor, músicas. A partir do contato que os (as) jovens passaram a ter com a cultura africana, pude notar ambiguidades entre as identidades católica e africana. Pierre Sanchis diria que tomaram consciência de que “sua identidade católica e sua identidade africana ao mesmo tempo se confundem e se opõem”. Como esse novo jeito de ser e de viver a fé católica diverge das normas da Igreja, isso gerou conflito e acarretou a saída para outra experiência religiosa: o Candomblé como lugar perfeito de resgate da identidade negra. Dalí surge a seguinte pergunta: será que o caminho necessário e inevitável de um(a) jovem que se reconhece como negro(a), necessariamente, termina no candomblé? Esse fenômeno de trânsito religioso é um apelo à Igreja no Brasil a pensar na melhor forma de anunciar o Evangelho, contemplando e valorizando a cultura africana dentro das comunidades negras. Cabe aos Combonianos em particular continuar promovendo essa valorização de identidade negra em suas missões.