
A Certeza da Sua Presença
Jesus declara que não falará mais por meios de enigmas, comparações e parábolas, e sim às claras (Jo 16,25). Enviará o Espírito Santo que terá um papel decisivo na compreensão de Suas Palavras misteriosas e obscuras. Tirará o véu e as tornará definitivamente inteligíveis.
A reação dos discípulos é de alívio: “Eis que agora falas claramente e tua linguagem já não e figurada e obscura. Agora sabemos que conheces todas as coisas e que não necessitas que alguém te pergunte. Por isso cremos que saíste de Deus” (Jo 16,29-30). Eles estão convencidos de que finalmente entendem Jesus e conhecem plenamente o propósito de sua missão. Confesso que certas “convicções” me assustam. Em matéria de fé prefiro as dúvidas às certezas. Tenho medo de quem acha que já sabe tudo a respeito de Deus. A revelação é um desvelamento contínuo que nos obriga a uma peregrinação permanente em busca da verdade. É uma descoberta progressiva que se dá pela humildade, paciência, perseverança, diálogo amoroso e, sobretudo confiança. Deus não se deixa capturar em nossos esquemas mentais. Por quanto cheguemos próximos à descoberta de Seu rosto, Ele continua sendo sempre Outro. A Sua alteridade o coloca a salvo de nossas perigosas definições que, quando defendidas com unhas e dentes, nos arrastam para o fanatismo. Além do mais, a vida é cheia de surpresas nem sempre boas que desmantelam os castelos das nossas certezas e colocam a dura prova as nossas convicções. Aquela fé tão entusiasta que nos faz prometer tantas coisas se derrete rapidamente na fogueira das tribulações até desaparecer completamente. É comum ter a sensação de ter entendido tudo quando a vida anda conforme nossos desejos, mas as certezas desmoronam quando aparece algum problema grave. Voltamos a mergulhar na angústia e na confusão. Parece que justamente no momento de sofrimento a nossa fé em Deus vem a faltar. Mas a fé é necessária precisamente quando está escuro e quando o coração atravessa uma tempestade.
Jesus sabe disso. Portanto, questiona a convicção dos discípulos: “Credes agora? Eis que vem a hora, na verdade já chegou, em que sereis espalhados, cada um para seu lado, e me deixareis sozinho. Mas não estou só, porque o pai está comigo” (Jo 16,31-312). Ele já sabe que, na hora da Sua paixão, os discípulos se darão à fuga.
Para Jesus não é importante que eles entendam tudo, mas que lembrem que não estão sozinhos e são amados por Alguém que já venceu todos os desafios: “Disse-vos estas coisas para que tenhais paz em mim. No mundo tereis tribulações. Mas tende coragem! Eu venci o mundo!” (Jo 16,33). “Se nos lembrarmos disso, podemos viver a vida com uma atitude completamente diferente. É a atitude de quem se sente forte não de uma convicção, mas de uma Presença” (Pe. Luis Maria Epicopo).
Até mesmo a presença dos santos serve para nos lembrar que não estamos sozinhos. Hoje a Igreja comemora Santa Rita. Quantos/as devotos/as reconhecem sua intercessão. Quantos/as fiéis se sentem menos sozinho/as porque sabem que podem contar com a sua ajuda. Mas o mais importante é acolher Santa Rita com um dos muitos sinais da Presença de Deus em nossas vidas. Deus cuida de nós também através dela, não só acolhendo os nossos pedidos, mas apresentando-a como modelo de vida “bela”. Sua dedicação à família, seu empenho pela busca da paz, sua fé tão intensa, seu amor pelos pobres, sua paixão por Cristo e Seu Evangelho sejam de exemplo para todos nós. A devoção por ela se torne imitação de suas virtudes para que possamos viver uma fé autêntica e rica de frutos de caridade.
(pe. Xavier Paolillo, missionário comboniano)