
A Essência do Discipulado
À origem do/a autêntico/a discípulo/a está a escuta. Enquanto Jesus estava falando, do meio da multidão, alguém tomou a palavra e lhe disse: “Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e querem falar contigo”. A intervenção desta pessoa desconhecida que se destaca da massa e questiona Jesus é extremamente importante, pois dá chance ao Mestre de explicar o que é essencial para ser seu/sua discípulo/a. Ele refere ao Mestre que seus familiares querem falar com Ele. Este já é um bom passo em direção a Jesus, mas o passo decisivo é outro. Não dá para procurar Jesus só para falar com Ele, ou pior, para gritar com Ele. Precisa procurá-lo para ouvi-lo. Todos queremos falar com o Mestre para contar nossos problemas e apresentar nossos pedidos, mas a postura principal do discípulo é a escuta. Procuremos o Senhor, antes de qualquer outra motivação, para ouvi-lo. Os familiares e amigos de Jesus o procuram para que Ele faça o que eles querem. Por isso, estão por fora. Eles acham que, porque fazem parte do círculo de seus parentes e amigos, Ele tem o dever de ouvi-los. Com Jesus, é o contrário. Fazemos parte de seu grupo de seus familiares se o ouvimos. Ou seja, o desafio fundamental da fé cristã é ouvi-lo. Falamos demasiadamente com Deus, mas será que o escutamos? Talvez possamos dizer que falar com o Senhor é um gesto religioso, mas o autêntico ato de fé é escutá-lo. Ao ouvi-lo, deixamos que sua Palavra entre no nosso coração e, como acontece no seio de Maria, é concebida e se faz carne, ao ponto de podermos dizer que é a escuta que nos torna mãe, irmão e irmã de Jesus. De fato, a maternidade de Maria, diz um antigo hino cristão, está no ouvido. O texto do hino diz que Maria é todo ouvido. É na escuta que o ser humano dá carne à palavra que ouve.
(Pe. Xavier Paolillo, missionário comboniano)