
A família tem direito de existir
A família tem direito de existir, a sociedade a responsabilidade de auxiliá-la e valorizá-la e o Estado o dever de defendê-la e protegê-la.
A família é uma instituição tão importante que até Deus quis que Seu Filho nascesse e crescesse no seio de uma família como as outras. A Família de Jesus é Sagrada não porque é perfeita, mas porque é constituída de pessoas de fé que simplesmente amam. No lar de Nazaré há um inquilino indispensável para que a família dê certo e cumpra sua missão: o amor incondicional.
Amor incondicional
O amor incondicional é aquele que não exige nada em troca, que ama sem se importar; que não depende do que o outro faz; é o caminhar na vida carregando compaixão, compreensão, perdão, tolerância, desapego; é dar valor ao que realmente tem valor; é não fazer comparações aceitando a individualidade de cada um; é não ficar preso a palavras, gestos, fatos, eventos, situações emocionais; é relevar com compaixão as mágoas, as injustiças, as decepções vividas no cotidiano.
Amar incondicionalmente não significa passar a mão na cabeça e aceitar qualquer comportamento. Amar é educar, dialogar e corrigir… É essa a ferramenta indispensável para a construção de um projeto de vida familiar seguro, sereno e bem resolvido.
Quando a família funciona, a vida humana é acolhida em seu seio e cercada de todo tipo de cuidado. Seus membros recebem, sobretudo nos primeiros e decisivos anos de vida, a carga de afetividade necessária para um equilibrado desenvolvimento psicoafetivo e cada componente encontra nela o apoio necessário para dar início ao processo de construção e afirmação da própria identidade.
É no aconchego da própria casa que as pessoas assimilam os valores necessários para viver com responsabilidade e conviver com respeito. O seu adequado funcionamento é condição indispensável para o bem-estar das pessoas, para construir uma boa convivência e alcançar a harmonia e a paz na sociedade. Portanto, toda criança tem direito à convivência familiar.
Mas para cumprir adequadamente suas funções a família precisa de ajuda. Deve ser auxiliada e defendida por medidas políticas, sociais e econômicas apropriadas. Nos casos em que as famílias não estão em condições de cumprir as suas funções, os outros corpos sociais têm o dever de ajudar e de amparar a instituição familiar. Não dá para contar com a família se não lhe forem garantidos todos os seus direitos e proporcionadas as condições que lhe assegurem um nível de vida conforme sua dignidade.
Proteção às famílias
Quando não é apoiada e protegida, a família deixa de ser instância de proteção e acaba se tornando fonte de ameaça. É triste constatar que há crianças que se sentem seguras somente quando estão longe de casa. Há familiares que usam e abusam de seus filhos, netos e enteados. Há pais que obrigam os filhos a pedir esmola ou a trabalhar precocemente. Há genitores que, contaminados pela visão patrimonialista, acham que os filhos são propriedades exclusivas deles e que, portanto, podem fazer deles e com eles o que melhor entenderem.
“O filho é meu e quem manda nele sou eu!”, se defendem aos gritos quando alguém “se intromete” e questiona os métodos educativos um tanto violentos. Acreditam que surra educa. Abusam dos castigos físicos e, para mostrar a eficácia de seus métodos violentos, utilizam a experiência pessoal: “Eu endireitei graças as cintadas que levei do meu pai!”. É o fim da picada achar que a assimilação de posturas violentas seja sinal de boa educação. A violência é ferramenta deseducativa. Dela só se aprende a ser cada vez mais violento.
A Responsabilidade da família
A família tem como primordial responsabilidade criar um ambiente onde é possível amar e ser amado. Pode até faltar comida na geladeira e roupa no armário, mas o amor nunca pode faltar dentro de casa. Abundância de bens e comodidades dentro de casa não sempre são sinônimos de amor, como também a pobreza nem sempre leva ao descuidado e ao desamor. Conheço casa onde não falta nada, mas não há amor. Como também encontro lares extremamente pobres, onde respiro a fragrância da família e sinto-me em casa.
“Apoiemos a família! Defendamo-la daquilo que compromete sua beleza. Aproximemo-nos deste mistério de amor com admiração, discrição e ternura. E nos comprometamos a salvaguardar seus preciosos e delicados laços: filhos, pais, avós… Há necessidade desses laços para viver e viver bem, para tornar a humanidade mais fraterna.” (papa Francisco).
Deus abençoe todas as famílias, a sua também!
Pe. Xavier Paolillo, missionário comboniano
Fotos: Pixabay