
A Fé de Pedro
Depois de ter ouvido a opinião do povo, Jesus interroga seus discípulos: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Não se trata de uma pergunta para avaliar conhecimentos doutrinais, mas de um questionamento existencial. Jesus não quer saber apenas o que os discípulos sabem ou pensam dele, mas quanto Ele conta na vida deles. Qual é a incidência de sua mensagem nas opções de cada um de seus seguidores e, portanto, de cada um/a de nós? Será que os discípulos têm consciência do que significa segui-Lo? Entenderam bem qual é seu projeto? Têm ideia das implicações e consequências? Querem ser “seres humanos” como o “Filho do Homem” ou como Felipe e César Augusto? De qual modelo de ser humano estão enamorados? Essas perguntas valem para nós também. Às vezes reduzimos a nossa relação com Jesus à missa dominical, a algumas práticas religiosas e alguns atos de bondade, mas o verdadeiro desafio da fé é conhecer quem é de verdade Jesus e aceitar conformar a própria vida com a sua. O Mestre não pretende levantar falsas expectativas. Quer limpar o meio campo de todo equívoco para ninguém reclamar depois. O “Filho do Homem”, isto é, o projeto de ser humano que ele encarna, é bem diferente daquele ostentado por Felipe, o poderoso rei de Cesareia. É diametralmente oposto àquele dos poderosos deste mundo que propagandeiam como vida bem-sucedida aquela que aposta no poder, prestígio, dinheiro e sucesso. Ele não veio para competir e disputar essas coisas. Veio para servir. Não está interessado em aproveitar a vida e tirar vantagem para si próprio, mas para doá-la. Pedro dá a resposta certa: “Tu és o Messias, o Filho do Deus da vida”. Jesus, mesmo sabendo que Pedro ainda tem uma ideia distorcida de Messias, o elogia: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas meu Pai que está no céu”. Qual é o motivo, então, deste elogio? A revelação divina. O enamoramento por Jesus não acontece por raciocínios humanos, pois estes naturalmente levam ao enamoramento dos modelos propostos pelo mundo. Jesus parabeniza Pedro, pois reconhece que tem um coração puro, aberto à revelação do Pai. Só Deus podia levar Pedro a se enamorar por alguém como Jesus. Pedro reconhece a identidade de Jesus graças a Deus. Acolher Jesus e amá-lo de verdade ao ponto de dar a vida pelo evangelho é um dom de Deus a quem está de coração aberto para recebê-lo. (Pe. Xavier Paolillo, missionário comboniano)