A Felicidade no Chamado de Maria
“Alegra-te!”
Começa assim o anúncio do Arcanjo Gabriel a Maria (Lc 1,26-38). Não é um simples convite nem uma exortação. É uma ordem expressa com um verbo no modo imperativo. Deus não manda Maria se ajoelhar, fazer penitência, organizar uma corrente de oração ou sacrificar-se. Ordena, antes de qualquer coisa, que seja feliz. É para isso que Ele existe. Sua maior alegria é fazer a felicidade de toda a criação. Esse é o recado do Evangelho. Jesus não é o “oficial de justiça” que entrega uma sentença de condenação, mas o mensageiro de uma proposta de amor e o emissário de um convite para uma festa de casamento por parte de um Deus apaixonado pela humanidade. A alegria é a essência do Evangelho. O atravessa de ponta a ponta, como um fio condutor que leva até a festa definitiva na Nova Jerusalém, onde não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor (Ap 21,4).
Ela não se confunde com a sensação de prazer, mas é um estado permanente da alma que persiste como pano de fundo até na travessia de terríveis tempestades, pois está ancorada na certeza de que Deus está presente com Sua proteção. Não reside nas coisas que possuímos, nas riquezas que almejamos, nos objetivos que planejamos e nos resultados que alcançamos, mas no profundo do coração que ainda persiste em acreditar no amor de Deus, mesmo quando as coisas não acontecem conforme nossas programações. É uma alegria que resiste aos fracassos e às decepções. É um dom do Espírito. Brota do amor. Está enraizada na descoberta de sermos amados(as) desde sempre e para sempre, antes de qualquer resposta de nossa parte e apesar de tudo aquilo que conseguimos ser e fazer. Não se compra. Chega em abundância a partir do encontro com Jesus e da adesão livre a Seu projeto como resposta de amor ao amor recebido sem ter dado nada em troca. Não precisa procurá-la ansiosamente. Ela persegue e alcança naturalmente quem é feliz de contribuir com a felicidade dos outros. Tem o sabor do pão partilhado e da vida doada. Foi isso que aconteceu com Maria. Que a nossa filial devoção a ela aumente em nós a vontade de imitá-la para alcançarmos a sua mesma felicidade.
(Pe. Xavier Paolillo, missionário comboniano)