A juventude e o vírus da fome
Em nenhuma guerra ou ato genocida existem tantas pessoas morrendo a cada minuto como no caso daquelas que morrem devido à fome e à pobreza em nosso planeta.
As lendas dos povos nativos consideram os alimentos sagrados. Um povo indígena estava passando por dias difíceis: os rios estavam secos, matando os seus peixes; a caça se tornava cada vez mais complicada; a terra seca não permitia o crescimento das sementes.
A filha do cacique deu à luz Mani, uma bela menina. Um dia Mani não acordou e sua mãe a enterrou na oca, regando diariamente a sepultura com suas lágrimas. Depois o lugar começou a apresentar rachaduras e a mãe resolveu cavar acreditando que sua filha poderia ter ganhado vida novamente.
Encontrou raízes grossas de cor marrom por fora e muito branca por dentro, lembrando a pequena Mani. O povo descobriu se tratar de um alimento capaz de saciar a fome de todos, presente do Deus Tupã, e a nomearam como “mandioca” que significa “Casa de Mani”, nome que se originou da união de “Mani” mais oca.
Jesus disse que todos somos sagrados e temos direitos: o direito ao pão (me destes de comer), o direito à água (me destes de beber), o direito a um lar (me recebestes em casa), o direito à roupa (me vestistes), o direito à saúde (cuidastes de mim) e o direito à liberdade (fostes visitar-me).
O vírus da fome se espalha rapidamente quando faltam terra e insumos, cuidado com a casa comum e políticas públicas, incluindo dinheiro para comprar comida.
É bonito ver a juventude engajada na CF com uma espiritualidade libertadora, fazendo do mundo a “casa de Mani” onde ninguém passa fome. Recolhemos e partilhamos alimentos para quem precisa. Sobretudo vigiamos para combater uma “sociedade de favores” e construir uma “sociedade de direitos”.
Roberto Minora, comboniano em Santa Rita-PB