
A Noite de Brasilia: – Política e Governo do terror!
A NOITE DE BRASÍLIA
O bolsonarismo radical não deixa de surpreender pelo seu “prestígio” junto a setores da população e o “tratamento privilegiado” por parte de quem tem a obrigação de garantir o funcionamento do Estado Democrático de Direito. Além de conquistarem o “direito” de cometer ilícitos, isto é, de se manifestarem pública e livremente contra a democracia e em favor do golpe militar, agora bolsonaristas radicais ficam à vontade de vandalizar sem correr o risco da prisão em flagrante. Pode até não ser assim, mas é isso que parece. Como não bastassem os bloqueios das rodovias e os acampamentos em frente aos quartéis do exército brasileiro sem serem minimamente incomodados pelas autoridades e as forças de segurança apesar da ilegalidade de suas reivindicações, a violação ao direito de ir e vir e de uma série de intimidações e agressões verbais, psicológicas e físicas contra a população em geral, arruaceiros fanáticos de extrema direita, inconformados com o resultado das eleições e preocupados exclusivamente com seus interesses, saem à vontade de noite pelas ruas da capital do País, para destruir delegacias de polícia, incendiar carros e tentar arremessar ônibus do alto de viadutos.
Polícia sem Segurança Pública?
Houve intervenção da Polícia Militar para conter os vândalos, mas ninguém foi preso. “Para redução dos danos e para evitar uma escalada ainda maior dos ânimos, a ação da Polícia Militar se concentrou na dispersão dos manifestantes”, teria dito em nota a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, conforme noticiado pela imprensa.

Só faltou escoltá-los “em segurança” de volta para casa ou ao “acampamento golpista” no lugar de conduzi-los “com segurança” para o lugar que merecem: as celas da delegacia. “Os responsáveis serão identificados e responsabilizados”, disseram as autoridades locais, enquanto os vândalos ganham tempo para se esconderem, articularem suas defesas para se safarem da devida responsabilização e prepararem o próximo ataque contando ainda uma vez com a impunidade. O pior de tudo é saber que tem “mandantes” atrás de tudo isso que, além de gostar desse crescendo de violência, estão torcendo para coisa piorar. Escondidos atrás de covardia, incentivam o tumulto sem medir as consequências. É um péssimo exemplo para um País que já sofre duramente as consequências de múltiplas formas de violência e não merece ter que encarar também o terrorismo de uma direita que não preza pelo debate político em vista do bem comum, mas defende raivosamente privilégios usurpados com aquilo que melhor sabe fazer: a negação dos direitos alheios, o uso arbitrário da lei e a violência.
Que futuro?…
As cenas da noite de Brasília do dia 12 de dezembro de 2022 são um dramático sinal de alerta daquilo que o Brasil pode se tornar se não houver uma forte mobilização em favor da defesa intransigente das instituições democráticas e a penalização, nos limites da lei, de todo e qualquer atentado contra as instituições democráticas. Não existe o direito de se manifestar, mesmo pacificamente, em favor de uma ilegalidade como um golpe de estado. É contra a Constituição Federal. Assim como não existe o direito de se manifestar em favor do racismo, da homofobia, do feminicídio e de qualquer outro comportamento que atenta contra a dignidade das pessoas e de uma inteira Nação.
Enfim, não dá para entender como pessoas que se vangloriam de defender Deus, a pátria, a família e propriedade ajam com violência, anteponham seus interesses ao bem comum, coloquem em risco as famílias e atentem contra o patrimônio público e privado. A máscara caiu. Talvez seja esta a única vantagem deste movimento de extrema direita: desmascarar a natureza a as verdadeiras intenções de seus fanáticos seguidores. Eu poderia até sentir pena de quem está sendo usado, mas já está na hora de se darem conta do engano. Tem evidências de sobra.
(pe. Xavier Paolillo, missionário comboniano)