A PAIXÃO, MORTE E RESSURREIÇÃO DAS NOSSAS CRIANÇAS
Nota do Centro de Defesa dos Direitos Humanos dom Oscar Romero/CEDHOR e da Pastoral do Menor da Arquidiocese da Paraíba sobre o ataque covarde contra as crianças da creche Bom Pastor de Blumenau
Hoje, o brasil amanhece como uma imensa Mãe das Dores que aperta em seu colo os pequenos e frágeis corpos sem vida de quatro seus filhos queridos barbaramente assassinados numa creche de Blumenau (SC): Bernardo, Enzo, Larissa e Bernardo. Outras crianças continuam internadas. O sofrimento que pervade este País abençoado por Deus é igual àquele de Maria quando devolveram ao seu seio materno, feito para gerar vida, o Filho morto inocentemente. É uma dor inconsolável que aflige os corações de famílias e comunidades sofridas que se junta a tantas outras pelo Brasil afora condenadas a viver uma eterna Sexta-Feira Santa. Esta terra, um dia coberta de verdejantes matas, tinge-se de vermelho do sangue derramado de nossas crianças, adolescentes e jovens. Nela despontam a toda hora Calvários sobre os quais um número a perder de vista de cruzes atesta que a vida no Brasil está valendo cada vez menos.
Nas procissões e celebrações dessa Semana Santa carregaremos no andor de Nossa Senhora o sofrimento das Marias das Dores que pelo País afora choram a morte prematura de seus filhos/as e, caminhando atrás do Crucificado, faremos memória de todas as vítimas da violência. Mas não basta. Para nós cristãos a dor da paixão e a cruz são etapas provisórias. O destino é a Páscoa. Portanto, mesmo chorando pela dor, nunca deixemos apagar o Espírito Pacal que nos impulsiona a lutar permanentemente pela vida. Que a creche Bom Pastor de Blumenau, a Escola Estadual Primo Bitti de Aracruz (ES), a Escola Municipal Tasso da Silveira do bairro de Realengo, na Zona Oeste do Rio, a Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia em São Paulo e todos os outros lugares onde se consumaram terríveis tragédias deixem de ser estações da Via Crucis e se tornem etapas da Via da Luz, isto é, laboratórios de construção e implementação da cultura da paz. Essa é a melhor maneira para transformar o luto em luta por um mundo mais justo e fraterno.
Em nome do CEDHOR e da Pastoral do Menor da Arquidiocese da Paraíba, manifestamos solidariedade às famílias e à comunidade da creche Bom Pastor de Blumenau. Com a morte prematura e inocente de Bernardo, Enzo, Larissa e Bernardo não é Deus que ganha novos anjos, somos nós que perdemos os anjinhos que Ele nos doou para alegrar nossas vidas. Deus não se alegra em receber os/as pequenos/as dessa forma, mas em contemplá-los felizes e contentes nessa terra. Para a felicidade de Deus e nossa chega de matar nossas crianças, adolescentes e jovens.
Pe. Xavier Paolillo, missionário comboniano