
A paz esteja nesta casa!
“Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: A paz esteja nesta casa! Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não voltará para vós” (Lc 10,1-9)
Essa frase, aparentemente enigmática é fundamental. Pode ser o critério para avaliar as motivações das nossas ações. A ordem de Jesus a seus discípulos é andar com sobriedade e liberdade pelo mundo afora para levar o Evangelho da Paz. Mas, logo alerta que, apesar de ser um dom que toda casa gostaria de receber, paradoxalmente nem sempre encontra pronta acolhida.
No caminho dos/as missionários/as nem todo mundo é “amigo da paz”. A experiência da rejeição e do fracasso é possível e muito mais frequente daquilo que pensamos. Qual é a nossa reação diante disso? O que acontece conosco quando o Evangelho que anunciamos é rejeitado e o bem que fazemos não é reconhecido?
Ficamos em paz ou nos deixamos levar pelo desânimo, frustração e revolta? Se a rejeição, a ingratidão, as vaias e a perseguições que eventualmente experimentamos durante nossa atividade apostólica, além de suscitarem uma normal tristeza, nos arrancam a paz, nos afundam na depressão ou nos estimulam a chutar o pau da barraca e a largar tudo, então pode significar que talvez nossa atuação não seja totalmente livre, gratuita e desinteressada. Estamos mais preocupados conosco do que com o Evangelho. Buscamos um retorno para nós, um afago ao nosso “ego”, um reconhecimento à nossa pessoa, um elogio a nossas habilidades e o prêmio merecido. (pe. Vincenzo Marinelli).
As nossas ações
Se agimos por Deus, mesmo se o bem que fazemos e a paz que anunciamos são reprovados, questionados e rejeitados continuemos em paz, pois afinal estamos fazendo exatamente o que Jesus nos pede. Ficar em paz mesmo no meio de um contexto de decepções e frustrações é sintoma de que estamos agindo de graça, de maneira desinteressada e por puro amor a Deus. Não nos envergonhemos, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem dos fracassos e perseguições que eventualmente aparecem ao longo da aventura missionária, mas sofremos pelo Evangelho, fortificados pelo poder de Deus (2Timóteo 18).
A exemplo de São Tito e São Timóteo, discípulos do apóstolo Paulo, coloquemo-nos a serviço do anúncio do Evangelho com absoluta gratuidade e a paz, com certeza, voltará para nós e permanecerá em nós.
pe. Xavier Paolillo, missionário comboniano