Ana Taban: Estamos cansados de guerra, Sudão do Sul
Um grupo de artistas estão fazendo campanha pela paz, por meio de atuações nas ruas e com murais pela capital, Juba. Os ativistas assumiram o nome Ana Taban, que significa “Estou cansado” em árabe.
Os músicos tocaram melodias chamativas na capital do país e os pedestres e os comerciantes participavam com curiosidade no concerto improvisado. Um soldado com camuflagem do deserto passava perto, observando a cena. À medida que os tambores tocavam mais forte, a audiência ficava silenciosa e imóvel, e parecia ter medo de juntar-se à diversão. Então o soldado começou a dançar ‘break’.
Aquilo quebrou o gelo e as pessoas começaram a balançar ao ritmo da música. Rapidamente as crianças e adultos dançavam, desfrutando de uma pausa rara no conflito do Sudão do Sul.
Para muitos no Sudão do Sul, a arte tornou-se um raro paraíso de paz num país jovem que conheceu muito pouco, além da guerra civil. Agora um grupo de artistas estão fazendo campanha pela paz, com atuações improvisadas nas ruas e murais pela capital, Juba. Os ativistas – Ana Taban.
“Nós estamos cansados disto, o medo constante, a guerra” disse Manas Mathiang, de 32 anos, músico e artista que lidera o movimento. Recentemente, Mathiang encontrou-se com cerca de 30 artistas que fazem parte do Ana Taban. Os membros pertencem a muitos dos principais povos do Sul do Sudão. Dizem que o tribalismo nunca foi um problema, e convidam outros artistas “sem olhar à sua origem”.
O grupo pintou murais vibrantes em Juba como o que está perto do aeroporto, um céu azul representando atletas, lideres religiosos, médicos com o mote “Façamos todos a nossa parte”. Os artistas também fazem teatros nos mercados de rua, como forma de promover a reconciliação.
Ana Taban foi estabelecido logo após as centenas de mortos nos combates em Juba, no mês de Julho. Um grupo de artistas do Sudão do Sul que se tinham refugiado no Quénia uniram-se para criar o movimento. Quando se tornou seguro o seu retorno à capital, levaram com eles a campanha pela paz.
Transcendendo povos e política, os artistas fazem do seu trabalho um meio de unificar o Sudão do Sul, o país mais jovem do mundo, que conseguiu a independência do Sudão em 2011. Mas rebentou a guerra civil apenas dois anos depois, com dezenas de pessoas mortas por razões de violência étnica.
Outro membro de Ana Taban, Deng Forbes, orgulhosamente levanta a sua obra favorita, a imagem de uma criança chorando, na forma do mapa do Sudão do Sul. “Meu povo é diversidade, 64 povos, disse Forbes. “A arte é uma linguagem universal, é uma linguagem simples”.
De certa maneira, a realidade da arte no Sudão do Sul é como nos outros países, agrupada numa seção meio estranha da mesma capital. Boa aparelhagem é rara. Os artistas dizem que é difícil conseguir viver com o que ganham como trabalho. Os feudos são comuns. Mas a maior parte da arte do Sudão do Sul está focada nas tensões políticas do país. Leal d’atol, um artista popular de rap que apareceu num clip musical de Aba Taban, disse que as suas músicas sobre a falta de eletricidade e de água corrente são habitualmente retiradas da rádio pelo governo. “Está dizendo a verdade sobre o que sentem os cidadãos do Sudão do Sul, e eu acredito que tenho a obrigação de fazer o quadro da realidade e transmitir uma mensagem verdadeira acerca do que realmente acontece”, disse d’Awol.
Ana Taban, o movimento de artistas de rua, toca perante uma audiência em Juba, Sudão do Sul. Para muitas pessoas no país, os artistas tornaram-se um raro paraíso de paz num país jovem que conheceu pouco além da guerra civil.
Traduzido do original => http://www.combonimissionaries.co.uk/index.php/2016/12/14/south-sudan-we-are-tired-of-the-war/
Fotos: Ana Taban