Ano Jubilar de 2025: Quatro Maneiras de Ser um “Peregrino da Esperança” em África
O Ano Jubilar de 2025 da Igreja Católica, está sendo celebrado sob o tema “Peregrinos da Esperança”, começou oficialmente na véspera de Natal de 2024, 24 de dezembro, com a abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro pelo Papa Francisco. Com este gesto, a Igreja acolheu o povo de Deus em um ano pleno de conversão e imensas graças. O mesmo será concluído a 6 de janeiro de 2026. Milhões de pessoas de todo o mundo são esperadas em Roma para visitar os locais de fé da Igreja primitiva.
O Bispo Christian Carlassare, da Diocese Católica de Bentiu, no Sudão do Sul, partilhou como o Ano Jubilar de 2025 será espiritualmente enriquecedor. “Será uma bela oportunidade para ir a Roma, fortalecer a fé e também receber as graças do Jubileu, incluindo o perdão dos pecados.” Contudo, o mesmo bispo reconhece que nem todos poderão viajar para Roma em 2025, devido a limitações relacionadas à distância e finanças. Outros, afirma ele, poderão enfrentar dificuldades na obtenção de documentos de viagem para Roma.
“Hoje em dia, não é fácil conseguir um visto para viajar a Roma. A Santa Sé poderá tentar estabelecer um acordo com o governo da Itália para facilitar a obtenção de vistos, mas, mesmo assim, não será possível para muitas pessoas”, explicou o missionário comboniano italiano à ACI África. Ser um peregrino da esperança, no entanto, não significa necessariamente ir a Roma, disse ele numa entrevista na terça-feira, 17 de dezembro, acrescentando: “Podemos ser peregrinos da esperança onde quer que estejamos.” O Bispo Carlassare destacou as palavras-chave exclusivas do Ano Jubilar de 2025 e deu dicas sobre como viver plenamente a “Peregrinação da Esperança” em qualquer lugar, inclusive em África.
1) Rezar… Ver Deus onde quer que estejamos
A primeira palavra-chave do próximo Ano Jubilar é peregrinação. Peregrinação é uma jornada. Não apenas uma jornada física, mas, sobretudo, uma jornada espiritual para encontrar o Senhor. Muitas pessoas viajam, mas isso não significa que estejam em peregrinação. Muitas pessoas vão a Roma, admiram a beleza da cidade, a arquitetura, as imagens, as esculturas, a história. Mas isso não significa que, por estarem em Roma, tiveram um encontro pessoal com o Senhor.
O primeiro passo para ser um peregrino é, portanto, a oração, especialmente a contemplação. Isso significa ser capaz de ver Deus que está em todo lugar e ouvir a Sua mensagem nos acontecimentos da vida que experimentamos. Podemos estar em nossas casas e, mesmo assim, iniciar uma jornada porque caminhamos com o Senhor, atentos aos sinais dos tempos e ao chamado que Ele faz a cada um de nós.
2) Proteger a dignidade da vida em todas as suas etapas
A segunda palavra-chave do Ano Jubilar de 2025 é esperança. A esperança é uma virtude teológica. É um dom de Deus. Mas também é uma atitude que devemos aprender a praticar, fortalecendo a nossa fé e o nosso amor, porque a esperança está enraizada na fé e é nutrida pelo amor.
Pertencemos a Deus e fazemos parte de um plano maior de salvação. Como olhamos para o mundo? Às vezes, podemos viver sem objetivo, sem esperança. Também podemos ter medo e confusão, mas a esperança nos diz que não devemos temer viver as nossas vocações, onde quer que estejamos.
O segundo passo para ser peregrinos da esperança é oferecer a nossa contribuição única ao mundo. Podemos fazer isso respondendo ao chamado de Deus, sendo profundamente quem fomos criados para ser, com os nossos dons específicos, valores, sonhos e desejos, e sem medo de nos expressar.
Isso inclui resistir a uma sociedade que desumaniza as pessoas, que não reconhece a dignidade e os dons de cada indivíduo. Ser parte desta peregrinação também significa viver a nossa vocação e proteger a dignidade da vida em todas as fases.
Reitero as palavras de Santa Catarina de Sena: se fores plenamente quem és, incendiarás o mundo. Iluminarás o mundo com o fogo do amor, da esperança e da fé.
Por vezes, temos medo desse poder que está dentro de nós, o poder de Deus. Temos medo e, assim, nos escondemos. O Jubileu é um incentivo para vivermos a vocação de quem realmente somos, porque ninguém pode nos substituir na missão que Deus nos deu.
Cada vida é única, e ninguém pode realizar no lugar do outro aquilo que não foi designado para si. Este Jubileu é um tempo de renovação para cada pessoa, um tempo de conversão pessoal e um tempo de um “sim” pessoal ao Senhor e às situações em que vivemos.
3) Restaurar relacionamentos quebrados
A terceira palavra-chave é a Porta Santa. Sabemos que o Santo Padre abrirá a Porta Santa na Basílica de São Pedro e, mais tarde, nas outras Basílicas.
Em nossa diocese, também abriremos a Porta Santa. Ela representa uma passagem que nos permitirá entrar na Igreja a partir das localidades onde vivemos. Representa uma passagem para uma nova vida, a vida de fé, a vida em comunidade cristã.
O terceiro passo para ser um peregrino da esperança é a conversão, vivenciada no Sacramento da Reconciliação. Durante este ano, podemos nos aproximar deste Sacramento e vivê-lo profundamente como um tempo de conversão pessoal.
Quando experimentamos o amor misericordioso de Deus, nossas vidas são realmente transformadas. Reconciliamo-nos com Deus, conosco mesmos, com quem somos, com os nossos erros passados, e olhamos para o futuro com nova esperança. Mas também nos reconciliamos com nossos irmãos e irmãs, especialmente aqueles com quem temos relacionamentos quebrados ou que ainda precisam de cura.
4) Atividades comunitárias… Tornar o ambiente mais habitável
A quarta palavra-chave é comunidade. Toda peregrinação é comunitária. Nunca ouvi falar de peregrinações individuais. É sempre um movimento de um grupo de pessoas unidas pela fé.
Assim, o quarto passo para ser peregrinos da esperança é comprometer-se com as comunidades locais, de forma a não caminharmos sozinhos. Devemos avançar juntos no compromisso comunitário, importante nas paróquias, capelas, pequenas comunidades cristãs e bairros.
Assumamos alguns compromissos para o bem da sociedade onde vivemos. Criemos um futuro melhor para os nossos filhos, onde possam ter esperança de algo melhor por meio da educação e de uma convivência comunitária agradável, que é o elemento mais importante para o crescimento de uma sociedade equilibrada.
Podemos também pensar no compromisso com a integridade da criação. Em uma sociedade onde vemos a degradação (e ataque) ambiental, devemos melhorar o nosso entorno e torná-lo mais habitável. Com todos esses compromissos, podemos viver como peregrinos da esperança neste Ano Jubilar de 2025, partilhou o Bispo Carlassare com a ACI África.
O Papa Francisco anunciou o início de um Ano de Oração a 21 de janeiro em preparação para o Ano Jubilar de 2025 da Igreja Católica, o segundo em seu pontificado após o Jubileu Extraordinário da Misericórdia em 2015.
O Santo Padre afirmou que o Ano Jubilar de 2025 será “um ano dedicado a redescobrir o grande valor e a necessidade absoluta da oração na vida pessoal, na vida da Igreja e no mundo.”
Meses depois, na Solenidade da Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo, a 9 de maio, o Santo Padre proclamou solenemente o Ano Jubilar de 2025 numa cerimónia na Basílica de São Pedro, durante a qual entregou a Bula de Indicação do Jubileu Planeado, “Spes non confundit” (A esperança não decepciona).
O Ano Jubilar oferece ao povo de Deus em todo o mundo a oportunidade de participar em vários eventos jubilares planeados no Vaticano e nas respetivas Dioceses, Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica (ICLSAL).
Fonte: ACI África