Beatificação do Pe. José Ambrosoli, Uganda ontem – Brasil hoje
Foi aprovada a beatificação do missionário comboniano José Ambrosoli, médico e cirurgião no Uganda. A cerimónia terá lugar na cidade de Kalongo e, por se tratar de um ato pontifício, será presidida pelo prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, o Cardeal Giovanni Angelo Becciu.
A felicidade de todos perante a vida que vence. Kalongo-Uganda
“Para nós, Missionários Combonianos, esse evento enche-nos de alegria e, ao mesmo tempo, de responsabilidade. Antes de tudo, onde o evento acontecerá, Kalongo (norte do Uganda), que fazia parte do Vicariato Apostólico da África Central, do qual Comboni foi o primeiro vigário apostólico e também o local onde o P. José Ambrosoli expressou o seu melhor”, diz o comunicado dos Missionários Combonianos de Itália.
1. Quem foi José Ambrosoli?
José Ambrosoli nasceu em Renago, Itália, em 1923. Começou sua formação nos Missionários Combonianos em 1951, depois de estudar medicina em Londres. Foi ordenado em dezembro de 1955. Tinha 33 anos, e imediatamente foi enviado para o Uganda.
Trabalhou em diversos lugares, começando por Gulu, no norte do Uganda, entre o povo Acholi. Em 1961 foi transferido para Kalongo, sempre entre os Acholi. Foi exatamente em Kalongo que ele iniciou o hospital onde permaneceu como cirurgião, por mais de 30 anos.
Se há uma frase que possa expressar o sentido de sua vida e missão é esta: «Deus é amor, há um próximo que sofre e eu sou o seu servo». O povo chamava-lhe «doctor ladit», o grande médico.
Sua Páscoa aconteceu aos 27 de março de 1987, em Lira, aos 65 anos de idade, após a evacuação forçada do hospital, por determinação dos soldados, devido à guerra civil.
Em 1989, o hospital foi reaberto em Kalongo, com o nome de Dr. Ambrosoli Memorial Hospital.
O bem aventurado atendendo um doente no hospital, Kalongo-Uganda
2. O que José Ambrosoli nos ensina hoje?
Percorrer os passos da vida deste missionário ajuda-nos a compreender a força da fé, no marco de uma pandemia que afetou, recentemente, o mundo inteiro. Compreendemos que a cura passa necessariamente pelo amor, a acolhida incondicional, a aposta nas capacidades de cada pessoa se regenerar, como insistia Comboni.
Em tempos de ditadura e de guerra, Ambrosoli viu o inteiro hospital, construído por ele e numerosos colaboradores, incendiado e totalmente destruído pelos soldados.
Como Comboni, ao invés de morrer vendo os frutos de seu incansável trabalho, ficou com a amarga incerteza da continuidade de seus sonhos.
Até o fim da vida, cada um de nós convive com a tentação da auto referencialidade e com a pergunta constante: para quê, para quem faço tudo isso?
Ambrosoli, testemunham os missionários que estavam com ele, morreu com esperança confiante. “Amado fracasso”, repetia nos últimos meses de sua vida.
Na Igreja, como no corpo humano, cada cristão é parte de um todo, contribui com seus carismas e capacidades, pode colocar-se a serviço a partir de um ministério específico. Ninguém é mais importante que ninguém, todos e todas preocupados pelo bem do corpo inteiro.
Assim, na vida de Ambrosoli espelha-se aquela de cada um, de cada uma de nós.
JP e Dario