CAM V Bolívia: América em Missão, Evangelho é Amor e Alegria
A alma missionária de nossos países e povos da América Latina (e não só) continua presente, viva e atuante conforme deu para comprovar nestes dias do quinto Congresso Missionário Americano!
Brasileiros durante um momento de canto e convívio.
Estiveram presentes delegações de 23 países das Américas e Caribe. Foram dias intensos de encontro, convívio e muita aprendizagem associada aos debates, oficinas, assembleias e celebrações.
Mesmo reduzida, a delegação da Venezuela marcou presença no CAM V..
Das muitas palestras, realizadas em assembleia geral (cerca de 3 mil participantes) gostaríamos de salientar a de Mons. Santiago Retamales, Chile, que foi sobre o Anúncio do Evangelho ao mundo de hoje. Tal como Jesus anunciou o Reino ao mundo num contexto israelita, assim nós temos que nos apropriar da realidade atual se queremos continuar a ser “discípulos missionários”. Em primeiro lugar Jesus não se anunciou a si mesmo mas anunciou o Reino de Deus, ou se quisermos o Deus do reino. Precisamos dar a máxima atenção às palavras e obras de Jesus. O fundamento da missão é o túmulo vazio e não o “Ide por todo o mundo”; por isso, se não nos encontramos com Jesus vivo e ressuscitado não poderemos nunca ser missionários seus! Numa segunda fase Mons. Santiago nos falou de Paulo anunciando o evangelho ao mundo greco romano onde de novo a parece a centralidade da ressurreição como motivação da missão. A missão se torna real e possível porque os missionários do primeiro século se fizeram imagem viva de Cristo pelo seu viver e seu testemunho.
Hoje na atual cultura da imagem, onde mais de 90% da comunicação é foto e vídeo, a igreja precisa assumir a missão de mostrar Cristo vivo e presente na vida real das comunidades e das famílias. Somente assim podemos nos tornar missionários do Senhor Jesus. A urgência e o primeiro destino da missão são os rostos e corpos desfigurados de Jesus nas pessoas pobres e excluídas da vida e da justiça, da saúde e da mesa. Não é possível a missão sem uma clara opção pelos rostos e pelos corpos desfigurados, ou seja, os pobres.
P. Sergio Montes, jesuíta diretor da agência Fides na Bolívia
O P. Sergio Montes Rondón encaminhou nossa reflexão sobre o tema Discípulos da Comunhão e Reconciliação. Somente podemos ser sinais de comunhão se estivermos inseridos e formos capazes de dar respostas às questões importantes e fundamentais das pessoas deste tempo. Num mondo onde os conflitos e a violência e morte predominam, só teremos significado e encontraremos acolhida se dermos respostas a tais problemas e respetivos anseios. Num mundo onde grande parte dos conflitos acontecem devido à água, precisamos ajudar todos a refletir, começando pela base, para tomarmos posição em defesa desse direito fundamental à agua e à vida. O P. Sérgio afirmou inclusivamente que tal como a água, a internet é também um bem global a que todas e todos têm igualmente direito.
Deixou um ponto mais para nossa reflexão; da mesma maneira que fomos acostumados a considerar o próximo como parte de nossa espiritualidade e nosso compromisso de batizados, da mesma maneira precisamos considerar os distantes, pois sem eles não poderemos ser discípulos missionários. É um fato que o distante é frequentemente rotulado e excluído por todas e todos. A pessoa distante é aquela que fica totalmente à margem: sem receber nenhuma mensagem nem sinal de amor, de vida ou de justiça…
Dentre as 12 oficinas versando temas tão variados como
- Família Missionária
- Leigos Consagrados na Missão
- Missão e Evangelização da Cultura – Povos originários
- Missão e Ecologia
- Jovens e Missão
- Missão Além Fronteiras na e desde a América
- Missão e catequese
- etc.
Dentre todas as oficinas, como vinha dizendo, escolhi a dos Povos Originários (3ª) e qual não foi a minha surpresa, quando encontro o P. Jorge Masai, da província oriental da Bolívia, confinante com o Mato grosso do Sul e com a Rondônia. Ele deu um testemunho dos riscos e ameaças que está sofrendo, apoiado exclusivamente em sua fé e no amor que dedica aso pobres agricultores ou campesinos. Em seguida, pude compartilhar com ele nossa solidariedade e partilhei igualmente o exemplo do P. Ezequiel Ramin que deu a vida pelas mesmas razões em contexto tristemente semelhante.
Toda a riqueza do CAM V será divulgada no respetivo site e até mesmo em um DVD que está previsto ser editado e vendido brevemente pelas POM da Bolívia.
Nossa fé engajada possa continuar a apoiar a missão da igreja, começando cada uma e cada um em sua própria comunidade e paróquia e continuando igualmente com seu apoio em favor da missão no mundo inteiro, através da oração e de sua solidariedade com o próximo e com o distante, igualmente.
Família de Richard e Elsa que acolheram 3 missionários brasileiros
Uma última palavra de gratidão para as famílias e paróquias que acolheram os congressistas. Ficamos deveras impressionados com a acolhida e o cuidado e o carinho manifestados de tantas maneiras por nossos irmãos e irmãs bolivianos. A organização de um evento como o Congresso Americano Missionário envolve muitíssimas atividades e muitos milhares de pessoas. Nossos parabéns a todos os organizadores, aos diversos níveis: familiar, comunitário, paróquial e arquidiocesano. Nossa profunda e sentida gratidão por tudo e que Deus sempre abençoe vocês todas e todos! Bem hajam.
Dom Sérgio Artur, bispo de Ponta Grossa, PR
Congressistas com trajes típicos.
Flauta típica da Bolívia e da região andina
Trajes típicos da Bolívia
Mulheres indigenas bolivianas
P. Dario Bossi, coordenador dos missionários combonianos no Brasil