Contra a Guerra, Eu Sou da Paz!
Eu só tenho um lado. É o lado dos povos vitimizados pela guerra. Estou com o povo de Israel e da Palestina, com o povo russo e o povo ucraíno, com os povos do Sudão e de todas os outros países da África que enfrentam o drama da guerra e pagam o seu duro preço. Estou com os/as civis que querem viver em paz e não aguentam mais as consequências de conflitos decididos, armados e deflagrados sem seu consenso a partir de palácios blindados e devidamente protegidos. Estou com as crianças arrancadas de suas famílias e deportadas, que explodem sobre minas terrestres confundidas com brinquedos. Estou com as vítimas inocentes que perdem tudo: a saúde física e mental, a segurança do lar e as relações afetivas. Estou com os milhões de prófugos. Estou com os jovens arrolados a força, obrigados a ficarem na linha de frente feitos “bucha de canhão” por governos e comandos militares que não tem nenhum respeito pela vida. Estou com as mães e os pais que choram diante de suas casas destruídas e escavam incansavelmente entre os escombros dos bombardeios com a esperança de encontrar em vida seus entes queridos aí enterrados. Estou com os/anciãos/ãs que não têm aonde ir e ficam para trás, totalmente abandonado/as. Estou com a parte mais fraca do conflito.
Eu só tenho um lado. Sou terminantemente contra a guerra, loucura sem retorno, “massacre entre gente que não se conhece, para proveito de pessoas que se conhecem, mas não se massacram” (Paul Valery). Sou contra os/as mandatários que a declaram, os poderosos da terra que a incentivam e os ricos que a financiam. Pouco me importam suas origens, suas ideologias, suas religiões, suas bandeiras, os blocos a que pertencem e as razões que os levam a tomarem esta decisão, pois a guerra é sempre uma opção irracional e desumana. Por mais que possa parecer necessária e justificável, é o pior crime contra a humanidade. Nunca é “santa” e nunca é “justa”. É um atestado de fracasso, a pior solução, ou melhor, a pior irresolução. É uma derrota da política, mas também uma rendição vergonhosa diante das forças do mal. “A guerra é um monstro, é um câncer que se autoalimenta engolindo tudo! Além disso, a guerra é um sacrilégio, que destrói o que há de mais precioso em nossa terra, a vida humana, a inocência dos pequenos, a beleza da criação” (papa Francisco). Por isso tem que ser evitada.
Eu só tenho um lado. Sou contra quem espalha ódio e incentiva a violência. Quem vive e lucra às custas da guerra. Quem produz armas e as comercializa, quem se elege com os financiamentos dos produtores de armas e deve inventar-se uma guerra para devolver o favor recebido.
Eu só tenho um lado. Sou contra a história contada a partir dos mais fortes, os conflitos armados narrados como eventos de glória e os heróis de guerra celebrados por seus atos de violência.
Eu só tenho um lado. Estou com a PAZ. Ela custa caro, mas é a único jeito de ser e viver que nos faz sentir autenticamente humanos. Eu estou com aqueles e aquelas que querem ser paz. Estou com quem sabe que “a paz só se torna realidade se começa em cada um/a de nós e que a guerra, antes de chegar à linha de frente, deve ser detida no coração. O ódio, antes que seja tarde demais, deve ser erradicado dos corações. E para isso, precisamos de diálogo, negociação, escuta, capacidade e criatividade diplomática, de uma política de longo alcance capaz de construir um novo sistema de convivência que não se baseie mais nas armas, no poder das armas e na dissuasão” (papa Francisco).
Eu só tenho um lado. Estou com quem acredita na solidariedade, na justiça e na fraternidade. Estou com quem sabe que “os conflitos e todas as guerras “encontram sua raiz no desvanecimento dos rostos” (don Tonino Bello). Quando apagamos o rosto do outro, então podemos fazer o som das armas crepitar. Quando mantemos o outro, o seu rosto e sua dor diante de nossos olhos, então não nos é permitido desfigurar sua dignidade com a violência (papa Fracisco). Portanto, encontremo-nos. Acolhamo-nos reciprocamente. Cruzemos nossos olhares e redescubramo-nos irmãos e irmãs. Sejamos PAZ para acabar com a guerra.
(pe. Xavier Paolillo, missionário comboniano)