
Campanha da Fraternidade 2025: Cultivar e guardar a terra
Neste 2025 a Igreja no Brasil celebrará a nona Campanha da Fraternidade (CF) tratando da questão ecológica, vista a importância e a urgência do tema no contexto duma profunda crise socioambiental que pode ser sentida na pele até por aqueles que negam o fenômeno da mudança climática e suas evidentes e graves consequências em diversos âmbitos da nossa vida quotidiana, mas que atingem com maior severidade as pessoas e os territórios mais vulneráveis.
Com o tema Fraternidade e Ecologia Integral, a CF 2025 continua sendo expressão de comunhão, conversão, partilha e esforço para construir Pastoral de Conjunto em nível eclesial. Ao mesmo tempo, pretende motivar, aprofundar e ampliar o processo contínuo e integral de mudança (conversão) da mentalidade depredadora da natureza, gerando assim práticas mais condizentes com a responsabilidade que compete a todos os seres humanos: cultivar e guardar a terra, a nossa única Casa Comum.
Para isso, é preciso, entre outras coisas: reconhecer a nossa contribuição pessoal e comunitária (pecado ecológico) para a crise que nos está levando a um ponto de ruptura irreversível; avaliar a maneira em que nós olhamos, ouvimos e nos relacionamos com o território em que vivemos; reaprender a conectar-nos com a natureza da qual fazemos parte; discernir os apelos que a nossa fé, as ciências e a sabedoria dos povos nos fazem a respeito da ecologia integral (preocupação com a natureza, justiça social, engajamento na sociedade e paz interior); e mudar nossos hábitos de vida que contribuem para a crise socioambiental.
Mas não bastam ações individuais. O texto – base nos lembra que também é preciso “agir coletivamente, em comunidade, orientados pelo Evangelho e pela Doutrina Social da Igreja. Um apelo especial é feito às comunidades religiosas […] para despertar a sensibilidade e formar hábitos sustentáveis nas futuras gerações”. Além de que “atitudes e iniciativas sociais e no âmbito da boa política também precisam ser desenvolvidas” (p. 96).
Em linha com o anterior, como Missionários Combonianos no Brasil, assumimos há anos o desafio de integrar essa dimensão da justiça socioambiental como elemento indispensável a ser contemplado na formação dos candidatos e em todos os aspectos da nossa ação pastoral e ação missionária, seja em nível local, como também junto a outras instâncias eclesiais e sociais de alcance regional e nacional.
No mesmo sentido, alguns anos atrás, a maioria dos membros da Provincia do Brasil assinaram, como sinal de renovação da aliança com a terra e com os pobres, o Pacto Comboniano pela Casa Comum, no contexto da preparação e realização do Sínodo para a Amazonia. E, em ocasião do Foro Comboniano de Ecologia Integral (Belém 2022), os membros da Família Comboniana (irmãs, irmãos, seculares, leigos e padres), se comprometeram a divulgar, promover e viver esse Pacto. Acesse este link: https://combonianos.org.br/carta-fazer-causa-comum-com-os-pobres-e-com-a-casa-comum/.
Alguns dos pontos em que foi resumido o Pacto Comboniano coincidem com as linhas de ação propostas pela CF: celebrar a fé com o povo e com a natureza; aprofundar o paradigma da Ecologia Integral; assumir novos estilos de vida; fazer aliança com as causas em defesa da vida e contra a exploração desenfreada da natureza; e assumir com os mártires e com os povos indígenas o compromisso de defender os territórios.
Assim, providencialmente, a celebração da CF poderá ser uma ocasião para avaliarmos, como Família Comboniana, a vivência do nosso Pacto, assim como fortalecê-lo e ampliá-lo, fazendo conexões com diversas propostas e iniciativas que surgirão ao longo de este Ano da Esperança.