
D. Antônio Possamai: Amor e direito à vida, justiça e amor
No último sábado, 27 de outubro, em véspera do 2º turno das eleições para o presidente da república do Brasil, D. Antônio Possamai, bispo emérito de Ji-Paraná, Rondônia, passou definitivamente ao reino da vida plena. Atingiu assim por fim o grande sonho da sua vida, pelo qual sempre trabalhou, sofreu e lutou: justiça e vida para todas e todos, em especial para os pobres, os excluídos, os últimos…
Dom Antônio em junho com representantes da família comboniana, Porto Velho – RO
Os Missionários Combonianos celebram com alegria a vida de dom Antônio Possamai, bispo emérito de Ji Paraná (RO), que Deus recebeu em seu abraço no dia 27 de outubro passado.
Dom Antônio foi profeta de paz e justiça, tecelão incansável da Igreja das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).
Acreditou vigorosamente na Igreja como Povo de Deus a caminho, valorizando a formação e a participação das lideranças leigas, protagonistas da evangelização nas terras amazônicas de Rondônia. Cuidava com carinho de seus sacerdotes e fazia questão de acolhê-los pessoalmente na Diocese, dedicando a cada recém-chegado dias de formação e diálogo personalizado sobre as prioridades da Igreja local.
Desde os anos 80, manifestava à CNBB sua profunda inquietação pela falta de proximidade às CEBs da diocese. Dizia: “Eu tenho 30 padres e 3000 comunidades. Como posso garantir a todas a vizinhança, o acompanhamento pastoral e a Eucaristia, que é o centro da vida cristã?”.
Promovia a qualificação e valorização dos leigos e leigas, em especial dos casais mais preparados em cada comunidade. A eles podia ser confiada, em sua opinião, uma maior responsabilidade pastoral e ministerial, por conhecerem seu território e a vida das famílias de cada CEB.
Foi um dos fundadores da Comissão Pastoral da Terra (CPT), à qual como missionários expressamos nosso pesar e profunda solidariedade. Apoiou de muitas maneiras as comunidades indígenas; defendia o direito à terra para cada família camponesa e trabalhou incansavelmente para organizá-las em cooperativas de produção, que fortaleceram os pequenos produtores e demonstraram que a agricultura familiar é um caminho de desenvolvimento sustentável e integrado ao território, no respeito do meio ambiente.
Dom Antônio acompanhou a breve e radical trajetória do padre Ezequiel Ramin, missionário comboniano que anunciou o Evangelho e a não violência aos mais pobres, acompanhou os camponeses, as famílias sem terra e os povos indígenas e foi morto, em 1985, em consequência desse seu compromisso.
Pe. Ezequiel respirou muito da espiritualidade e da história da Igreja conduzida por dom Antônio; com certeza, reencontrando-se no céu, celebrarão a vida, intercederão por todos nós e serão nossos protetores.
Pedimos a dom Antônio que inspire o processo do Sínodo Especial para Amazônia, assim que se abram novos caminhos para a Igreja, e os princípios fundantes das escolhas políticas e econômicas na Amazônia sejam a ecologia integral e a promoção e defesa da vida dos excluídos.
Dom Antônio faleceu, mas vive ainda em cada um de nós. Nossa Igreja não deixará morrer a profecia!
30 de outubro de 2018