Dom Angélico, o Bispo da porteira, faz 90 anos! Viva!!!
D. Angélico, muitas vezes citado no livro de Fernando Moraes, desde quando era Bispo Auxiliar de D. Paulo Evaristo Arns e então responsável pela Pastoral Operária. Vem daí a amizade com Lula que iniciava sua marcante trajetória como líder sindical, desdobrada depois na trajetória política que culminou na criação do PT, o Partido dos Trabalhadores.
Dom Angélico presente nas horas mais difíceis de Lula, como conselheiro, parceiro, amigo do nosso Presidente. Recentemente, presidiu à cerimônia do casamento de Lula com Janja. Esses e muitos outros fatos estão na nossa memória.
Mas talvez nem tanto como o episódio do desastre grave nos anos 80, que acabou por conferir a ele, meio divertidamente, o título de “Bispo da Porteira”.
Estava bem precário o serviço dos trens São Paulo-Rio… possíveis acidentes eram previstos e aconteciam… reclamações sem fim e sem resposta. Até aquela manhã do terrível choque entre um ônibus e um trem, porque não funcionou o serviço de alarme para o fechamento da já precária cancela ou porteira na Estação Artur Alvim, Zona Leste de São Paulo. Mortos, feridos, tragédia.
Não deu outra… provavelmente em mais uma de suas intervenções, D. Angélico pressiona os responsáveis pelo serviço ferroviário e anuncia o protesto que será feito: em pouquíssimo tempo as Comunidades são organizadas e no dia programado, um domingo, as Paróquias da Região de São Miguel não terão missas nas igrejas mas D. Angélico irá celebrar com o povo todo sentado sobre os trilhos. E assim foi! Não me lembro em quanto tempo depois, mas não demorou para que a cancela nova fosse instalada e o sistema de alarme modernizado e instalado, garantindo a segurança para o povo da região. E carinhosamente D. Angélico ganhou o título de “Bispo da Porteira”.
Bem, esse foi um episódio de grande repercussão que notabilizou a pessoa de D. Angélico, audaz, corajoso, um líder à altura das necessidades do povo.
Mas preciso contar outro episódio, pequeno, mas tão revelador da estatura desse nosso Pastor.
Meu marido, as filhas pequenas e eu estávamos como missionários leigos numa Comunidade da periferia. Todos os anos, na festa do Padroeiro, São Nicolau, D. Angélico comparecia durante a novena, celebrava, pregava, era um sucesso mas muita gente estava começando a fazer parte, não sabia quem era quem.
D. Angélico vinha uma hora antes, horário de verão e tudo ainda claro, as pessoas começavam a chegar. Ele em pé na porta de entrada ia acolhendo as pessoas que chegavam, aperto de mãos, uma palavrinha e um sorriso, povo entrando, capela pequenininha… Aí umas pessoas me perguntavam: ” quem é aquele moço na porta? Nossa que simpatia, pegou na minha mão, perguntou meu nome…”
Quando eu dizia que era o bispo D. Angélico, que ia celebrar conosco, eu percebia o brilho dos olhos, a admiração e gratidão pela especial atenção.
Imagino quantas histórias mais estão guardadas na memória, no coração de quem um dia esteve perto desse bispo, que é muito enérgico também e intransigente em questões éticas e de princípios. Mas totalmente amoroso.
Realmente ele tem a vida toda pautada no seu lema episcopal;
“DEUS É AMOR”.
PARABÉNS DOM ANGÉLICO!!!
(escrito por Regina Mariano)