Escuta e diálogo genuínos
Em várias ocasiões, o Papa Francisco partilhou o modo como vê a prática da sinodalidade no concreto. As atitudes que se seguem são atitudes particulares que permitem uma escuta e um diálogo genuínos, na nossa participação no Processo Sinodal.
Ser sinodal requer tempo para a partilha:
Somos convidados a falar com coragem e honestidade autênticas a fim de integrar a liberdade, a verdade e a caridade. Todos podem crescer em compreensão através do diálogo.
A humildade de escutar deve corresponder à coragem de falar:
Todos têm o direito de ser ouvidos, tal como todos têm o direito de falar. O diálogo sinodal depende da coragem tanto para falar como para escutar. Não se trata de entrar em debate para convencer os outros. Trata-se, antes, de acolher o que os outros dizem como um modo através do qual o Espírito Santo pode falar para o bem de todos (1Cor 12,7).
O diálogo conduz-nos à novidade:
Temos de estar dispostos a mudar as nossas opiniões com base no que ouvimos dos outros.
Abertura à conversão e à mudança:
Muitas vezes podemos oferecer resistência ao que o Espírito Santo está a tentar inspirar-nos a realizar. Somos chamados a abandonar atitudes de complacência e de conforto que nos levam a tomar decisões com base apenas na forma como se fazia no passado.
Os Sínodos são um exercício eclesial de discernimento:
O discernimento baseia-se na convicção de que Deus age no mundo e de que nós somos chamados a escutar o que o Espírito nos sugere.
Somos sinais de uma Igreja que escuta e caminha:
Ao escutar, a Igreja segue o exemplo do próprio Deus que escuta o grito do seu povo. O Processo Sinodal nos dá a oportunidade de nos abrirmos à escuta de forma autêntica, sem recorrer a respostas prontas ou a julgamentos pré-formulados.
Deixar para trás preconceitos e estereótipos:
Podemos sentir o peso das nossas fraquezas e do nosso pecado. O primeiro passo para escutar é libertar a nossa mente e o nosso coração dos preconceitos e estereótipos que nos levam por caminhos errados, conduzindo-nos à ignorância e à divisão.
Vencer o flagelo do clericalismo:
A Igreja é o Corpo de Cristo, cheia de diferentes carismas, em que cada membro tem um papel único a desempenhar. Todos dependemos uns dos outros e todos temos a mesma dignidade no seio do Povo santo de Deus. À imagem de Cristo, o verdadeiro poder é o serviço.
A sinodalidade exige que os pastores escutem atentamente o rebanho confiado aos seus cuidados, tal como requer que os leigos exprimam os seus pontos de vista com liberdade e honestidade. Todos se escutam uns aos outros por amor, num espírito de comunhão e da nossa missão comum. Desta forma, o poder do Espírito Santo manifesta-se de múltiplas maneiras em todo o Povo de Deus e através dele.
Curar o vírus da autossuficiência:
Estamos todos no mesmo barco. Juntos formamos o Corpo de Cristo. Pondo de lado a miragem da autossuficiência, podemos aprender uns com os outros, caminhar juntos e estar uns ao serviço dos outros. Podemos construir pontes mais que muros que por vezes ameaçam separar-nos: idade, sexo, riqueza, capacidade, educação, etc.
Derrotar as ideologias:
Devemos evitar o risco de dar mais importância às ideias do que à realidade da vida de fé que as pessoas vivem em concreto.
Dar origem à esperança:
Fazer o que está certo e é verdadeiro não tem por finalidade chamar a atenção ou fazer manchetes; o objetivo é ser fiel a Deus e servir o seu Povo. Somos chamados a ser faróis de esperança, não profetas da desgraça.
Os Sínodos são um tempo para sonhar e “gastar tempo com o futuro”:
Somos encorajados a criar um processo local que inspire as pessoas, sem excluir ninguém, a criar uma visão do futuro cheia da alegria do Evangelho.
As seguintes disposições ajudarão os participantes (cf. Christus Vivit):
- Uma perspectiva inovadora: “Encontrar caminhos sempre novos com criatividade e audácia” (CV 203).
- Ser inclusivo: “Uma Igreja participativa e corresponsável, capaz de valorizar a riqueza da variedade que a compõe” (CV 206), abraça todos aqueles que, muitas vezes, esquecemos ou ignoramos.
- Uma mente aberta: Evitemos rótulos ideológicos e utilizemos todas as metodologias que tenham dado bons resultados (cf. CV 205).
- Ouvir todos e cada um: “Aprendendo uns com os outros, poderemos refletir melhor esse poliedro maravilhoso que deve ser a Igreja de Jesus Cristo” (CV 207).
- Uma compreensão de “caminhar juntos”: Percorrer o caminho que Deus chama a Igreja a fazer para o terceiro milênio.
- Compreender o conceito de uma Igreja corresponsável: Valorizar e envolver o papel e vocação únicos de cada membro do Corpo de Cristo, em ordem à renovação e à edificação de toda a Igreja (cf. CV 206-207).
- Aproximação através do diálogo ecumênico e inter-religioso: Sonhar juntos e caminhar uns com os outros através de toda a família humana (cf. CV 172; 235).
Fonte:Vademecum para o Sínodo sobre a Sinodalidade
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