Giuseppe Ambrosoli, o grande doutor
Em 2010, recorreu o centenário da missão comboniana na Uganda, país do Centro da África: a partir de 1910 o Instituto, fundado por São Daniel Comboni (1831-1881), fez deste país o centro de sua irradiação missionária. Neste período, foram enviados mais de 450 missionários: padre Giuseppe Ambrosoli foi um dos protagonistas mais conhecido. Nasceu em Ronago – província de Como, no norte da Itália – em 1923: o pai, Giovanni Battista, foi um empresários bem-sucedido na produção de mel e bala doce. O desejo de ser missionário nasceu de uma profunda espiritualidade, vivida no grupo de jovens, chamado “Cenáculo”, que unia a “oração com o heroísmo de uma caridade desenfreada”.
O “Cenáculo” o convenceu de que “Cristo é amado na medida em que O servirmos nos descartados da vida, pois Ele neles se identifica”. Escreveu a um de seus amigos: “Não tenha medo de tomar o lado dos pobres, pois eles são a viva imagem de Jesus, que de rico se fez pobre, para nos enriquecer com sua pobreza”. No verão de 1949, o jovem Ambrosoli, com 26 anos de idade, já médico-cirurgião, pediu a padre Simone Zanoner de entrar para fazer parte da Congregação Comboniana, para servir os povos mais abandonados da África.
Simples e humilde, sem a vaidade de mostrar sua preparação acadêmica, aceitou os conteúdos formativos do Instituto Comboniano. No dia 7 de dezembro de 1955, na catedral de Milão, é ordenado sacerdote pelas mãos do arcebispo, Giovanni Montini, o futuro Papa Paulo 6º. Depois de 2 anos de estágio na Inglaterra, pelo estudo da língua e para se aperfeiçoar nas doenças tropicais, em 1º de fevereiro de 1957, partiu do porto de Veneza (Itália) rumo à “pérola da África”, a Uganda, pelas suas belezas naturais e a riqueza cultural de seu povo, sábio e amável.
O início da presença dos missionários combonianos, na Uganda, coincidiu com uma série de “desgraças”, que se abateram naquele país. A etnia Acioli foi a mais afetada: malária, meningite, epidemias castigaram este povo. Os missionários escolheram como prioridade: a saúde e a escola. Kalongo – cidade situada a 1.100 m. de altitude – contava, naquele tempo, com cerca 40.000 habitantes: tinha apenas um dispensário e uma escola. Pe Ambrosoli não imaginava que, em Kalongo, iria realizar o sonho de São Daniel Comboni: “Salvar a África com a África”.
O pequeno dispensário foi transformado aos poucos em um grande centro de maternidade e no tratamento das mais variadas doenças e em ponto de referência para todo o norte da Uganda. “O hospital de Kalongo – escreveu pe Francesco Pierli, superior geral da Congregação – é o sinal de um amor apaixonado pela África. Este é o ideal dos missionários combonianos: viver e morrer pelos mais pobres e abandonados”. Morreu no dia 27 de março de 1987: por 30 anos pregou o Evangelho com sua própria vida.
No próximo dia 20 de novembro, será declarado “Beato”, em Kalongo, pelo enviado do Papa Francisco, na terra, onde ele queria morrer. O “grande doutor” contagiou com sua humanidade e bondade o mundo inteiro.