História de Família em Festa: gratidão e esperança
Mensagem final do simpósio dos 150 anos de fundação do Instituto Comboniano
Os Missionários Combonianos, representantes das diversas províncias e, acompanhados por outros membros da Família Comboniana, nos encontrarmos em Roma, Itália, de 26 de maio a 1 de junho para celebrar os 150 anos de fundação do Instituto Comboniano. Para nós celebrar significa, sobretudo, fazer memória das nossas origens e da história que o Senhor está traçando conosco e com os povos que encontramos no caminho. Recordar não é um exercício de arqueologia, mas um processo vivo de ação de graças ao Senhor confiando-lhe com fé o nosso futuro, e colocando-o em suas mãos. Recordar é recomeçar renovados.
Herança: da gratidão à fidelidade
O nascimento do Instituto não aconteceu por acaso, mas foi fruto de um longo processo de vida e de missão. Foi um parto doloroso e trabalhoso num momento de mudança de época. Nascemos na pobreza, sem especiais apoios eclesiais, políticos e nem económicos. Este evento, quase único na história do movimento missionário do século XIX, nos ofereceu uma maior liberdade para responder à nossa vocação especial. Mesmo se o processo da definição jurídica inicial não tenha sido fácil, está claro que Comboni queria uma família de missionários que fossem:
•ad vitam, isto é, não só dispostos a entregar o seu tempo, mas a sua própria vida pela missão;
•católicos, isto é, livres de lógicas nacionalistas;
•apaixonados por Deus e pelas pessoas, fazendo causa comum com os pobres.
O bispo de Roma, Francisco, nos diz que “a alegria do missionário brilha sempre sobre o fundo de uma memória agradecida”. A gratidão é reconhecer-se amados e impulsionados por este amor, sair para partilhar esta experiência com os outros. A gratidão não é estática, mas um movimento dentro de nós, fora de nós e à nossa frente, é um caminho. Nesta ótica, a reunificação do Instituto, a nova regra de vida e a canonização de S. Daniel Comboni tornam-se momentos qualificados da nossa história e ocasião para recomeçar e continuar o próprio caminho com criatividade.
Gratidão significa reconhecer na nossa história a fidelidade de Deus, refletida na generosa fidelidade de tantos irmãos de ontem e de hoje: fidelidade ao Evangelho, a Comboni, à missão árdua, à oração, à pobreza evangélica, ao povo de Deus e à internacionalidade.
Caminhos de regeneração
Hoje temos os meios para estudar e conhecer melhor o fundador e a nossa história, e este simpósio contribuiu para isso. Estamos conscientes de que cada vez que nos aproximamos de Comboni e da sua graça carismática damos um salto de qualidade.
Precisamos de uma reconfiguração do nosso Instituto. Estamos diante do desafio de uma missão que não se detém, que ainda está longe de chegar ao fim. O envelhecimento dos membros do Instituto, acompanhado pela diminuição das vocações em muitas das nossas províncias (países), os novos paradigmas da missão e a mudança do nosso papel dentro das igrejas locais, são outros desafios que aumentam a nossa ansiedade. Esta missão exige um testemunho que vai muito além dos trabalhos, que questiona o nosso estilo de vida e nos pede entrega e compromisso de todo o nosso ser.
Sentimos que a reconfiguração do nosso Instituto passa por quatro caminhos: a mística, a humildade, a fraternidade e a ministerialidade.
•Mística. Não e só questão de redescobrir o gosto da oração, mas de desenvolver uma espiritualidade da presença de Deus na história dos povos e no rosto das pessoas. A fé e a esperança dos pobres nos ensinam esta mística, que sem a qual corremos o risco da aridez e de perder o sentido do nosso caminho missionário.
•Humildade. Conhecedores dos nossos limites e fragilidade, sentimo-nos chamados a passar do protagonismo ao testemunho. Hoje não conta só “fazer missão”, mas antes de tudo “ser missão”. Não bastam as palavras e as obras, há tantas pessoas capazes de falar e de fazer, às vezes, até melhor do que nós. O desafio que temos é mostrar com a nossa vida o tesouro que guardamos no coração.
•Fraternidade. Tanto nas intervenções como nos trabalhos de grupo surgiu com frequência o desejo de que precisamos nos amar mais e melhor entre nós. Devemos crescer na qualidade das nossas relações comunitárias. Este problema aparece no discernimento deficiente e na falta de partilha das nossas experiências de vida. Alguns não se sentem em casa na sua própria comunidade. Ser irmãos entre nós quer dizer também criar espaço uns para com os outros, para as culturas e a idade. Às vezes são necessários momentos de reconciliação, também sacramental. Uma maior fraternidade ajudaria a integrar missão e consagração e a melhorar o nosso discernimento comunitário.
•Ministerialidade. Os novos contextos sociais nos convidam com urgência a rever a nossa ministerialidade. Hoje em dia precisamos estar mais qualificados em diversos campos da evangelização, trabalhando em equipe com todos os membros da família comboniana e da igreja local. A missão é o ponto de referência de todo o caminho formativo. A ministerialidade não basta se não estiver fundada na paixão por Cristo e pela humanidade.
Deste aniversário retomamos nosso caminhar como irmãos, sabendo que há desafios e dificuldades, mas cheios de esperança:
“O missionário não se deixa abater por nenhuma dificuldade. Todas as cruzes escondem o mérito porque se trabalha por Cristo e pela missão” (S. Daniel Comboni)
“Que o Espírito faça superabundar vossa esperança” (Papa Francisco).
No mundo inteiro
Celebração que chegou até aos 4 cantos do mundo….
Aproveite e venha agora ver esta foto reportagem do simpósio da família comboniana em Roma, por ocasião da celebração dos 150 anos da fundação do instituto comboniano. A CNBB também divulgou o comunicado da Radio Vaticana; convidamos você a conferir aqui.
Fotos: Arquivo comboniano