Irmã Telma, vítima de COVID19 e do descaso: meu?! de você?
Amadas e amados: boa noite! Em nome do nosso Bispo dom Mario Antonio, da família religiosa das Missionárias de Nossa Senhora das Dores e de toda a família Diocesana de Roraima, comunico que a nossa irmã Telma fez sua Páscoa nesses momentos. O Deus da Vida e da Misericórdia a acolha no seu Reino de luz e de Paz infinita como serva boa e fiel para ter parte no festim da vida eterna… (Pe. Lucio, vigário diocesano)
Ir. Telma, há anos em Boa Vista entre os imigrantes Venezuelanos
Que dor… Que tristeza. .. Que perca… Quanta indignação… Quanta maldade e até quando? Estamos sendo dizimados para alimentar a besta… Milhares de vidas estão sendo ceifadas por uma epidemia de perversidade cujo virus não foi gestado por morcegos em “laboratórios chineses” , mas por “vampiros” criados em “igrejas cristãs” por capetas camuflados de sacerdotes e pastores”.
Não faltam nossas corresponsabilidades. Abaixamos a guarda; várias vezes nos omitimos; fomos perdendo a indignação e nos acostumando aos retrocessos; deixamos de lado a luta em nome do resgate da espiritualidade que divorciando da vida tornou-se espiritualismo alienante; bebemos a conversa que nas comunidades se falava pouco de Jesus e muito de política e permitimos que nossas igrejas se tornassem centros de articulação da política da morte com a agravante de abusar do nome de Jesus para fazer propaganda de suas doutrinas contrárias ao Evangelho; para encher as igrejas abrimos as portas a grupos e movimentos impregnados de ideologias perversas marginalizando e perseguindo as pastorais sociais e as escolas de fé e políticas; no lugar de contribuir com o fortalecimento dos movimentos sociais, dos sindicatos, dos grupos políticos que buscavam caminhos de resistência e compromisso, preferimos endossar a retórica de desmonte e criminalização da política patrocinada pelo lavajatismo com o apoio do poder econômico e de seus mentirosos meios de comunicação. Até entre nós combonianos houve quem endossasse a cultura da desconfiança, da criminalização da política, da perseguição a lideranças… repetindo exaustivamente os mesmos argumentos daqueles que hoje aparecem como os criminosos articuladores deste desgoverno tão criticado. É evidente que havia problemas, corrupções, erros…, mas no lugar de arregaçar as mangas para um processo de reconstrução, uns optaram por casar aquela cultura do ódio que nos trouxe até a tragédia que estamos vivendo. A lembrança das duras discussões entre nós durante a última campanha eleitoral me trazem ainda indignação, pois a exigência daquela perfeição moral que a “esquerda” era acusada de não ter (como se nós da Igreja tivéssemos) nos fez afundar nessa lama de imoralidade e perversidade. Ainda uma vez precisamos pedir perdão. Parte da responsabilidade dessa tragédia entra também na nossa conta!
Xavier Paolillo, comboniano em Santa Rita-PB
Ir. Telma durante um encontro nacional de direitos humanos, SP
Fotos: Sem Fronteiras/Arquivo Comboniano