Testemunho: Irmão Fafa, entre os refugiados de guerra
Sou Jean Claude Fafa, de Aneho, no Togo e cresci em Lomé. Depois de concluir minha formação em setembro de 2013, fui enviado ao Sudão do Sul para servir à missão na comunidade de Leer, no Estado Unity. Aí fiquei até janeiro de 2014, quando nós, junto com a população local, tivemos que fugir por causa da guerra. Em abril de 2014, depois de um tempinho de férias, voltei ao Sudão do Sul. O Provincial me enviou à comunidade de Lomin, Kajo Keji, onde trabalhei com o irmão Erich até agosto de 2016.
Desafios da missão
Encontrei muitos desafios ao longo do caminho para me tornar irmão comboniano. O primeiro desafio foi a vida no postulado, por ser candidato a irmão comboniano vivendo junto com os candidatos a sacerdotes. Eu era o único candidato a irmão. O segundo foi o câncer de meu pai, internado por mais de 2 anos enquanto eu estava iniciando a formação comboniana. Perdendo meu pai em 2005… O terceiro desafio foi a guerra civil que rebentou no Sudão do Sul. Eu tinha acabado de terminar minha formação no Centro de Irmãos de Nairobi. Estava em Leer, no Sudão do Sul, quando a guerra civil estourou. Minha missão era na educação, entre ensinar desenho técnico e informática, além da administração. As forças armadas atacaram o município de Leer. Tivemos que fugir para o mato com o povo e ficamos lá com eles. Foi muito difícil e exigente aquela situação, em especial para mim, jovem irmão, no primeiro contato com a missão. Tive que enfrentar a dura realidade da guerra. Agradeço a Deus porque não fomos mortos. Durante a permanência no mato, enfrentei outros desafios: a língua, falta de comida, roubo e ameaças de morte. Depois disso, voltei ao Togo para umas pequenas férias. Quando terminaram, minha mãe perguntou: “Você vai voltar de novo para lá?”
Missão num campo de refugiados
Quando voltei ao Sudão do Sul, a guerra civil tinha chegado a Lomin. Mais uma vez, tivemos que fugir com as pessoas, mas desta vez fomos para Moyo, em Uganda. Estamos atualmente no campo de refugiados. É outra experiência dura para mim. Deixei tudo para trás. Agora sou refugiado e ao mesmo tempo um missionário com o povo. Quando vejo o sofrimento das pessoas no acampamento, me sinto muito mal… sem poder fazer nada. No entanto, apesar disso, tenho um sentimento de esperança, porque Deus está conosco.
Alguém pode perguntar: em tais situações onde eu encontro a força? Acredito que a confiança em Deus é a resposta. É difícil, mas eu confio em Deus e vou em frente. Deus tem sido bom na minha vida e Ele me segura no caminho. Deus sabe que eu posso enfrentar tudo o que Ele traz para a minha vida. Eu aceito cada dia como é.
Deus está no controle
Minha missão tem sido uma história comum de eventos conduzidos pela mão de Deus. É um caminho de pequenas decisões importantes. Eu ainda continuo sendo testado. “Vou conseguir algum dia ter certezas?”. Depois dos votos perpétuos, eu percebi que estava apenas começando uma nova jornada. Sou feliz por ser irmão missionário comboniano. Tenho a oportunidade de encontrar Deus na minha vida. Acredito que se eu uso bem os meus talentos, estarei dando amor às pessoas e a Deus, como o ‘empregado bom’ do evangelho (Mt 25, 21).
Jean Claude (Irmão Fafa), comboniano
Imagem: UNICEF/Holt (file)