Jesus está conosco o tempo todo (Jo 16,16-20)
“O que significa o que ele nos está dizendo: ‘Pouco tempo, e não me vereis, e outra vez pouco tempo, e me vereis de novo’, e: ‘Eu vou para junto do Pai?’”. “O que significa este pouco tempo? Não entendemos o que ele quer dizer”.
Como se não bastasse a tristeza da despedida, Jesus faz um discurso cheio de informações de difícil compreensão. A cabeça dos discípulos dá um nó e, mesmo, sem entenderem, ficam com vergonha de pedir esclarecimentos. Preferem bisbilhotar entre eles. Mas o Mestre tem uma sensibilidade afinada. Não os repreende. Acolhe com paciência e respeito suas dúvidas. Compreende que eles querem interrogá-lo. Não é errado por-se perguntas. Não é sacrílego nem tampouco descortês questioná-lo sobre assuntos que não entendemos. O famoso poeta italiano, Dante Alighieri, dizia que precisa também entender para acreditar, além de acreditar sem entender.
Mas às vezes é essencial dar um passo no “escuro” e confiar sem entender tudo. É isso que normalmente acontece na vida e, sobretudo, na fé. Tem hora que nos deparamos com situações que não tínhamos pensado, calculado, previsto. É nossa mania querer manter tudo sob controle. Mas, de repente acontecem coisas a nossa revelia que colocam em xeque os nossos planos e ameaçam as nossas realizações. Mesmo se não conseguimos entender e não queremos aceitar, temos que confiar.
A confiança nasce da certeza de que estamos em boas mãos. No meio de tantas dúvidas e tristezas, Jesus nos faz duas promessas. A primeira é a garantia da sua presença. Mesmo se nem sempre é claramente evidente, Ele está conosco. Navega no nosso barco. Podemos contar com Ele em qualquer circunstância de nossa vida não para resolver os nossos problemas com a varinha mágica, mas para enfrentá-los conosco. Ele não nos liberta das tempestades da vida, mas nos ajuda a encará-las com esperança, pois a meta da nossa travessia pela vida, por quanto dura seja, é a felicidade. A segunda promessa, de fato, é a transformação da nossa tristeza em alegria. Não nascemos para sofrer, mas para viver em plenitude. É este o fim da história que o Senhor escreve, desde já, em nossas vidas. Portanto, não desanimemos. Vivamos com fé, esperança e caridade. Trabalhemos para mudar o que depende de você. E peçamos a Deus na oração o que depende dele. Se o nosso pedido estiver conforme sua vontade, tudo vai dar certo.
(pe. Xavier Paolillo, missionário comboniano)