
Maria e José em busca de hospital para seu bebé!
“Não Havia lugares para eles” Lc 2, 7
Lucas nos descreve no seu evangelho a angústia que Maria e José de Nazaré experimentaram quando chegou o momento do nascimento de Jesus, bebé.
Por ordem do governador, Maria e José empreenderam uma longa viagem. E, chegando a Belém, o momento do parto era iminente e não tinham um lugar para ficarem.
No Chade, país Africano onde vivi dez anos como missionário, eu vi muitas vezes esta cena trágica se repetir na vida de muitas pessoas pobres. Ainda hoje muitos casais, como José e Maria, não encontram um lugar ideal e seguro para o nascimento de seus filhos.
Uma noite de inverno fomos acordados por um senhor que com insistência chamava por um padre na casa paroquial. Ele tinha uma grande urgência: A vida de uma mulher chamada Ramadji e do seu bebe estavam em perigo e pedia socorro.
Ramadji significa “bem vinda” na língua chadiana. Era uma senhora da aldeia de Donomangá, lugarejo onde está situada uma paróquia confiada a nós Combonianos. Ela estava grávida de um bebé de sete meses. Portanto, iria ser um parto complicado, pois era prematuro e se encontrava em uma posição atravessada e se precisava de um medico do hospital.
É muito comum na cultura do povo Gulay, realizar o parto tradicional em casa com a parteira. Embora, se tenha um hospital próximo ao alcance de todos. E, sobretudo a procura de um curandeiro é ainda mais tradicional, pois acreditam mais no poder do curandeiro do que no trabalho profissional do médico. No caso de Ramadji quando começou a sentir as dores de parto foi procurar um curandeiro para que com suas rezas e feitiços pudesse ajeitar o bebe que já queria nascer. Não podendo resolver a complicação do parto o curandeiro decidiu agir como médico. O resultado foi catastrófico e, ainda mais agindo assim colocou a vida da mãe em perigo.
Como último recurso levaram-na para o Hospital. A situação se complicou e existiam poucas esperanças, também não havia lugar para eles e o único médico não estava na aldeia.
Foi então que o próprio curandeiro foi até a nossa casa pedir socorro. Decidimos então de sermos solidários com Ramadji e seu bebé, assim como os pastores que ajudaram a José e Maria no estábulo.
Em uma caminhonete transportamos a mãe e seu bebé ao hospital dos Jesuítas, situado a 80 quilômetros da nossa aldeia. Infelizmente a criança não teve a graça de sobreviver. Apenas a vida da mãe foi salva.
O natal de Jesus não foi fácil e essa realidade continua atingindo ainda hoje muitas crianças que não encontram a segurança necessária para nascer. Mas Deus está presente naqueles lugares onde muitas pessoas fazem questão de passar longe.