Missão em 1ª pessoa: Dar o melhor, aprender com o povo
O médico missionário comboniano mexicano, Ir. Juan Salgado, nos relata como se preparou e depois precisou se adaptar à realidade desafiante, em regiões carentes. Num pequeno hospital do interior, nunca desistiu nem desanimou porque a fé e o amor que o movem nunca falham!
O irmão Juan com sua equipe prepara uma operação.
Na comunidade comboniana de Bondo somos quatro. Acordamos às cinco da manhã. Às seis, fazemos a oração da manhã, incluindo a celebração da eucaristia. Atendemos pastoralmente uma paróquia situada a três quilómetros da nossa casa. Eu trabalho no pequeno hospital da localidade.
Breve percurso
Sou mexicano e depois de fazer os meus primeiros votos religiosos estudei Enfermagem em Monterrey, no meu país natal. Em 1998, cheguei a Nairobi, capital do Quénia. Esse foi o meu primeiro contacto com o continente africano. Desde 2002, estive na República Democrática do Congo: primeiro na missão de Duru, onde trabalhei num dispensário; em seguida, fui para Mungbere, onde estive durante um ano. Agora estou em Bondo.
Aprofundar minha formação para servir melhor
Entretanto, com o objectivo de aprofundar o conhecimento das doenças tropicais, estudei Medicina na Universidade de Gulu (Uganda) durante seis anos. Preferi completar a minha formação em África porque me sentia realizado como missionário e não queria cortar abruptamente o bom sabor que me tinha deixado a experiência em Duru. Além disso, eu punha certa resistência a fazer esses estudos no ocidente porque, embora lá tenham a capacidade de se actualizar constantemente, esses conhecimentos muitas vezes não são aplicáveis no contexto africano, onde muitas vezes faltam as estruturas e os equipamentos médico-sanitários.
Eu teria aprendido, por exemplo, a fazer ressonâncias magnéticas, mas nas regiões de África onde tenho trabalhado, por falta de recursos, eu não teria sido capaz de aplicar esse conhecimento. Por isso eu quis estudar medicina no contexto africano e com os meios que os hospitais locais têm.
Serviço e dedicação aos doentes
Trabalho no hospital de Bondo. Começamos a jornada com a reunião da equipe, na qual os enfermeiros que ficaram de plantão informam sobre o trabalho que realizaram durante a noite e as pessoas que atenderam. Posteriormente, visito cada um dos pacientes hospitalizados e atendo as pessoas que vêm para as consultas externas. Se houver casos que exijam uma intervenção cirúrgica, esta é programada de acordo com a urgência. Todos os dias fazemos pelo menos duas cirurgias no hospital, apesar de a nossa estrutura hospitalar ser pequena e os recursos escassos. Somos dois médicos e 18 enfermeiros e temos 70 camas para pacientes internos.
Para mim esta experiência é muito significativa e enriquecedora. Por meio do meu trabalho posso dar o melhor como missionário e como profissional e aprender muito com as pessoas. Acho que existe um enriquecimento mútuo. A minha maior recompensa é ver os pacientes voltarem para casa curados. E é sempre uma grande satisfação encontrar alguém na rua que me cumprimenta.
Quando eu pergunto de onde me conhecem, eles dizem-me que fui eu que assisti ao nascimento de um de seus filhos, ou que fui o médico que lhes operou uma apendicite. Isso é bonito e gratificante.
Juan Salgado, comboniano no Congo
Foto: Sem Fronteiras – Arquivo Comboniano