NÃO posso aceitar o Prêmio Magno Cruz de Direitos Humanos
Surpresa, gratidão e… Renúncia
Prezadas (os),
Há poucos dias manifestei minha surpresa e gratidão pela outorga do Prêmio Magno Cruz de Direitos Humanos 2021 à minha pessoa. Esse reconhecimento seria uma oportunidade para me reconectar com as lutas de ontem e de hoje, de cidadãos e cidadãs, grupos, movimentos e etnias do Maranhão que continuam persistindo na construção de uma sociedade justa, sustentável e pacífica.
Não seria um reconhecimento pessoal, mas um memorial de tantos companheiros e companheiras de caminhada. Pessoas que têm nome e sobrenome, algumas ainda vivas, resistentes e resilientes, outras que nos deixaram fisicamente e outras, enfim, que acabaram fazendo escolhas duvidosas. Como no passado, ainda hoje, a minha história é escrita no plural.
Motivo da Renúncia
Em que pese tudo isso, diante das informações amplamente veiculadas pela imprensa e redes sociais que dão conta de ações truculentas da PM do MA, desrespeitando etnias e territórios, sem querer emitir julgamentos apressados e não plenamente objetivos, em nome da minha consciência ética e cristã, não devo e não posso aceitar o referido Prêmio de Direitos Humanos que, nesse contexto, parece-me contradizer o seu verdadeiro escopo.
Tenho conhecimento das dificuldades e dos esforços dessa excelente Secretaria na promoção e defesa dos Direitos Humanos. Por isso, longe de mim a intenção de responsabilizá-la pelas repetidas arbitrariedades no território Acroá-Gamella. Outras instituições governamentais e empresariais têm culpa no cartório. Quanto a mim, só me cabe afirmar que não é possível uma Secretaria promover e defender os Direitos Humanos no varejo, enquanto outras Secretarias do mesmo Governo persistem em violentá-los.
Enfim, mesmo reiterando meu apreço e gratidão, aproveito este ensejo para aderir à nota de denúncia sobrescrita, ontem, por várias entidades.
Pe. Marco Passerini
Fortaleza, 19 de novembro 2021