Nova Imagem de Deus
O homem é um nómade de Deus: a história, de fato, registra uma busca incessante dele, por parte de indivíduos e povos, ao longo dos tempos e gerações: mesmo quando o homem fica indiferente, ou o renega, Deus está próximo dele e lhe fala ao coração. A espera de um Deus, Único e Absoluto, foi o específico do povo judeu. Também, as religiões do mundo oriental e greco- romanas, anteriores e contemporâneas de Cristo, acalentavam a esperança de um “deus desconhecido”. O sincretismo religioso dos mistérios do Eleusis, na Grécia e Roma antiga, continua, hoje, no sincretismo secular: o desejo do Infinito e de vida plena é algo de constitutivo no ser humano.
Na história bíblica, a plena revelação de Deus se encontra em Jesus de Nazaré, o Deus humanado: Ele não somente nos libertou de uma escravidão interior – do nosso egoísmo e soberba – mas, sobretudo, nos deu um espírito novo, elevando-nos na dignidade de filhos de Deus e introduzindo-nos na comunhão trinitária. Não há religião alguma, fora do cristianismo, que atinja tamanha altura e riqueza: “Ditosa a nação – diz o Salmo 33 – cujo Deus é um Senhor de tão grande misericórdia”.
“Não me interessa saber quem é Deus – disse um dia Dom Helder Câmara – me importa saber de que lado está!”. Deus tomou o lado do homem – revela Jesus – teimosamente enamorado dele, apesar de sua indiferença e incorrespondência perante tamanho amor. Deus ama o homem! É a Boa Nova, de Jesus de Nazaré. Mensagem, que fez enlouquecer de amor a aristocracia da humanidade, os Santos, como, Francisco de Assis, Inácio de Loyola, Francisco Xavier, Daniel Comboni, Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce e Antônio Ibiapina.
“Quem vê a Mim, vê o Pai” – disse Jesus. Pedro resumiu a vida de Cristo, dizendo: “Passou por toda a parte, fazendo o bem”.
Sua atitude diante dos homens, revela, de fato, uma bondade ilimitada, mostrando um coração amável e sensível perante todo sofrimento humano e um amor preferencial pelos mais vulneráveis; se colocou no lugar deles, identificando-se até mesmo com eles: ”O que fizestes aos mais humildes destes meus irmãos, o fizeste a Mim. Vinde, benditos!”. Não se sentiu chamado para atender aos justos, mas, sim, aos desprezados. Acolheu os excluídos ao seu séquito, como, as mulheres – que sofriam preconceitos, naquele sociedade teocrática e piramidal – tratando-as com confiança e naturalidade, assim, como, as crianças, os emarginados e os estrangeiros, considerados “impuros”.
Sua morte abalou seus seguidores, mas, a onda de esperança, que Ele suscitou, reviveu com sua Ressurreição. Aquele punhado de discípulos, repletos de seu Espírito, saiu pelo mundo afora, anunciando a Boa Nova: uma nova imagem de Deus, revelada por Jesus, seu Filho. Sua mensagem do Reino teve uma prodigiosa difusão e tomou conta da humanidade inteira: milhões de corações se mostraram desejosos de viver esta vida nova – baseada na adoração de Deus “em espírito e verdade” e na misericórdia para com o próximo – e de colaborar ativamente na construção de um mundo mais justo e fraterno, fundamento da concórdia e da paz, que faz todos felizes.
Padre Ernesto, MCCJ