O alimento que dá a vida do Eterno
Depois da multiplicação dos pães e dos peixes, Jesus desaparece. Retira-se no alto do monte para fugir da tentação do sucesso. O povo vai atrás dele porque encheu sua barriga. Não procura Ele pela verdade que anuncia, mas porque, diríamos hoje, distribui sopa e cestas básicas. Um homem assim é bom, dá segurança! Isso acontece também conosco. Quantas vezes fomos seduzidos pela miragem de alguém que finalmente garante comida de graça, sem ter necessidade de trabalhar para consegui-la. Quando, enfim, encontra Jesus em Cafarnaum, o povo pergunta: “Mestre, quando vieste aqui?” Na verdade, não é isso que as pessoas querem saber. As perguntas que atormentam seus corações são outras: “Jesus, podemos contar com você quando temos problemas? Você vai nos ajudar a superá-los? Se você não nos ajuda a resolver nossos desafios materiais, de que adianta tê-lo conhecido?”. Essa constatação não é minha. É o próprio Jesus que chega a esta conclusão: “Em verdade, em verdade vos digo: estais me procurando, não porque vistes sinais, mas porque comestes daqueles pães e peixes e ficastes satisfeitos”.
Jesus, porém, não se perde de ânimo. Começa um verdadeiro caminho educativo. O mal-entendido da multidão não é um obstáculo para ele. Pelo contrário, é antes uma oportunidade para ajudar o povo a chegar a uma nova forma de ver as coisas, a condição que não para nas necessidades imediatas e percebe que aquele pão que foi compartilhado é sinal de uma realidade muito maior do que um simples alimento. É bom deixar claro uma vez por todas que Jesus também deseja nossa satisfação. Ele veio para que todos tenham vida em abundância. É por isso que oferece o alimento necessário para alimentar nossa fome de plenitude. Ao povo que pergunta: “Que devemos fazer para realizar as obras de Deus?”, responde: “Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna e que o Filho do Homem vos dará”. O Pão de Vida que é Jesus na Eucaristia, nós somos misteriosamente transformados por ele. Cristo nos alimenta unindo-nos a Si mesmo; nos atrai para dentro de si mesmo ao ponto de poder chegar a dizer um dia, com o apóstolo Paulo, que não somos nós que vivemos, mas é Cristo que vive em nós. Alimentados por Ele, somos mais fortes na fé, mais alegres na esperança e mais ativos na construção da civilização do Amor.
(pe. Xavier Paolillo, missionário comboniano)