
O Amor que Cria: O Legado de São Maximiliano Kolbe
“O amor cria. O ódio é inútil!”
Hoje, a Igreja faz memória de São Maximiliano Kolbe, sacerdote de origem polonesa, membro da ordem dos Franciscanos Conventuais. Feito prisioneiro pelos nazistas, foi deportado para o campo de concentração de Auschwitz, onde foi destinado aos trabalhos mais humilhantes, como o transporte de cadáveres para o crematório. No campo de extermínio, Kolbe ofereceu sua vida em troca de um homem de família, seu companheiro de prisão.
Tudo começou com a fuga de um prisioneiro. A punição chegou impiedosamente. Os prisioneiros foram forçados a ficar horas sob o sol escaldante, e dez deles, escolhidos aleatoriamente, foram condenados a pagar com a vida. De repente, o silêncio aterrorizante foi interrompido por um homem chorando e gritando desesperadamente. Ele não queria morrer porque tinha esposa e filhos. Era um soldado polonês. Pe. Maximiliano Kolbe se ofereceu em seu lugar e, estranhamente, a troca foi aceita. Assim, Pe. Kolbe se viu trancado no infame bunker onde as vítimas eram condenadas a morrer de fome e sede. Depois de duas semanas, o frade franciscano, o único consciente, e quatro companheiros ainda permaneciam vivos. Eles foram mortos por injeção letal em 14 de agosto de 1941. Antes de morrer, Pe. Kolbe disse a seu carrasco: “O amor cria, o ódio é inútil!”
Lembrar-se do Pe. Kolbe, do Holocausto e de outros crimes contra a humanidade cometidos ao longo da história torna-se um exercício de grande valor ético quando nos ajuda a intensificar a nossa indignação para com as violações dos direitos humanos e a fortalecer o nosso compromisso com a defesa e a promoção da vida e da dignidade humana.
Lembrar esses trágicos fatos significa empenhar-se para garantir que todos os seres humanos, independentemente da cor da pele, etnia, orientação sexual, idade, religião ou escolhas políticas, devem ser tratados com respeito. Fazer esta memória, finalmente, significa assumir publicamente que o nosso lugar é definitivamente ao lado das vítimas, desmascarando e denunciando todo tipo de carrasco. É vergonhoso negar esta triste página da história e pior ainda constatar que existem seres (des)humanos que querem repeti-la. Mas a maior tragédia se dá quando as vítimas se transformam em carrascos.
(Padre Xavier Paolillo, Missionário Comboniano)