“O Senhor corrige a quem Ele ama” (Hb 12,6)
Corrigir quem erra é uma dimensão importante do processo educativo e é uma responsabilidade do/a cristão/ã. O próprio Jesus corrige os discípulos toda vez que pensam e fazem alguma coisa errada. “As correções – dizia Santo Ambrósio – fazem bem e são de maior proveito que uma amizade muda. Se o amigo se sentir ofendido, corrige-o mesmo assim; insiste sem medo, mesmo que o sabor amargo da correção o desgoste. Está escrito no livro dos Provérbios que as feridas provocadas por um amigo são mais toleráveis que os beijos dos aduladores (Pr 27,6). Corrigir o/a outro/a é expressão de amizade e de franqueza. É traço que distingue o/a adulador/a do/a amigo/a verdadeiro/a. Deixar-se corrigir, por sua vez, é sinal de maturidade e condição importante para o próprio crescimento. Quem prefere silenciar e omitir a correção – escrevia santo Agostinho – é pior que quem está precisando de correção por ter errado.
Tudo isso, porém, tem sentido se o ato de corrigir brota do Amor, seja como motivação seja como modalidade. Corrige-se por amor e com amor. Na lógica do amor é inadmissível a correção violenta, humilhante, constrangedora e destruidora da dignidade da pessoa que erra. A correção que tem origem no desejo de vingança, na irritação por uma ofensa recebida, ou na soberba ou vaidade feridas por faltas alheias não tem matiz cristão. “É de maior proveito a correção amiga que a acusação irritada; a primeira leva ao arrependimento, a última à indignação”. Só o amor pode ser o genuíno motivo para corrigir o próximo. “A correção fraterna há de estar cheia de delicadeza – de caridade! – na forma e no fundo, pois naquele momento somos instrumentos de Deus” (São Josemaria Escrivá). Santo Agostinho, também insiste nisso: “Devemos, pois, corrigir com amor; não com desejo de causar dano, mas com a carinhosa intenção de conseguir a emenda. Se assim procedermos, cumpriremos muito bem o preceito: Se o teu irmão pecar contra ti, repreende-o entre ti e ele só. Por que o corriges? Por que ficaste aborrecido com a ofensa que te fez? Deus não o permita. Se o fazes por amor-próprio, nada fazes. Se o que te leva a fazê-lo é o amor, ages de modo sublime”. Lembremo-nos que somos humanos/as. Todos/as podemos errar. A consciência das nossas fragilidades nos ajude a ter compreensão e não ódio na hora da correção e da repreensão. Deus nos conceda o dom da caridade na hora de corrigir e da humildade na hora de sermos corrigidos/as.
(pe. Xavier Paolillo, missionário comboniano)