
Outubro: Igreja missionária, testemunha de misericórdia
Há 90 anos que a Igreja vem dedicando o mês de outubro a rezar, refletir e coletar fundos para a missão. O tema proposto pelo papa neste ano para reavivar nosso chamado a sermos discípulos-missionários é: Igreja missionária, testemunha de misericórdia.
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Desde 1926, a Igreja dedica o mês de outubro para rezar e refletir sobre a sua vocação missionária, mas também coletar fundos para sustentar o trabalho missionário desenvolvido pelo mundo inteiro, sobretudo nas regiões mais carentes.
Na mensagem enviada para toda a Igreja por ocasião do Dia Mundial das missões deste ano, o papa nos diz: “O Jubileu Extraordinário da Misericórdia, que a Igreja está a viver, proporciona uma luz particular também ao Dia Mundial das Missões de 2016: convida-nos a olhar a missão ad gentes como uma grande e imensa obra de misericórdia quer espiritual quer material”. O mês das missões é, desse modo, uma excelente oportunidade que nos é oferecida para vivenciarmos e provarmos nossa misericórdia para com todos os seres humanos. Somos chamados a fazer da evangelização uma obra de misericórdia a fim de que a misericórdia de Deus alcance toda humanidade. É dever da Igreja testemunhar e anunciar a misericórdia de Deus para todos homens, mulheres e jovens do nosso tempo. Como escreve o papa Francisco, a Igreja “tem a missão de anunciar a misericórdia de Deus, coração pulsante do Evangelho (Bula Misericordiae Vultus, 12), e anunciá-la em todos os cantos da terra, até alcançar toda a mulher, homem, idoso, jovem e criança”.
Isso significa que cada um de nós precisa de sair de si para ir ao encontro do outro, principalmente, daqueles que vivem nas periferias existênciais e geográficas, principalmente os mais pobres. Portanto, missão é, necessariamente, uma saída de si para fora. Uma Igreja missionária é então uma Igreja em saída. Cada um de nós, tanto no âmbito pessoal como comunitário, deve fazer seu esse apelo a sair e tomar atitudes coerentes. Como escreve o santo padre: “Com efeito, neste Dia Mundial das Missões, todos somos convidados a «sair», como discípulos missionários, pondo cada um a render os seus talentos, a sua criatividade, a sua sabedoria e experiência para levar a mensagem da ternura e compaixão de Deus à família humana inteira. Em virtude do mandato missionário, a Igreja tem a peito quantos não conhecem o Evangelho, pois deseja que todos sejam salvos e cheguem a experimentar o amor do Senhor”.
A opção preferencial pelos pobres, que devemos abraçar na nossa saída missionária não é uma invenção da Igreja mas é a própria vontade divina. Pois como escreve o papa: “Deus Pai desde o princípio, dirige-Se amorosamente mesmo aos mais vulneráveis, porque a sua grandeza e poder manifestam-se precisamente na capacidade de empatia com os mais pequenos, os descartados, os oprimidos (cf. Dt 4, 31; Sal 86, 15; 103, 8; 111, 4). É o Deus benigno, solícito, fiel; aproxima-Se de quem passa necessidade para estar perto de todos, sobretudo dos pobres; envolve-Se com ternura na realidade humana, tal como fariam um pai e uma mãe na vida dos seus filhos (cf. Jr 31, 20)”. Uma das maneiras que temos para mostrar a nossa preferência pelos pobres é sermos generosos nas coletas que estão sendo feitas nas nossas comunidades e paróquias. Essas coletas destinam-se a sustentar as obras missionárias da Igreja nas regiões mais necessitadas e a ajudar as igrejas mais pobres do planeta.
Durante esse mês, somos convidados a contemplar com mais dedicação esse chamado a sermos uma Igreja em saída. Esse apelo parece difícil de ser ouvido e vivido, de fato, o é. Testemunhar a misericórdia no nosso tempo, marcado pelo desejo de poder, de vigância e todo tipo de males em que se encontra o nosso mundo não é fácil. Mas não somos os primeiros a quem Deus chama cumprir essa missão.) Muitos, antes de nós, receberam o mesmo chamado e conseguiram responder, apesar das dificuldades, e foram fieis até à morte. A Igreja nos propõe particularmente, neste mês, dois modelos: Santa Terezinha do Menino Jesus, cuja festa se celebra no dia 1 de outubro e São Daniel Comboni, que festejamos no dia 10/10. Eles possuem histórias de vida distintas, mas têm um ponto comum: os dois eram apaixonados pelas missões.
A primeira, hoje padroeira das missões, nunca saiu da clausura monástica, mas mesmo assim viveu com intensidade sua vocação missionária, dedicando sua vida a rezar pelas missões. O segundo, Daniel Comboni, teve a graça de viver a missão ad gentes na África. Num período em que ninguém acreditava na evangelização do continente africano, ele recebeu o chamado de Deus a ser o grande apóstolo e profeta da África. Convencido deste chamado enfrentou todas as dificuldades e levou o evangelho da misericórdia aos povos que naquela época eram considerados os mais necessitados e abandonados do mundo (E. 2647). Dedicou sua vida a evangelização dos povos africanos e acreditou na capacidade desses povos para serem protagonistas de sua própria evangelização (Salvar a África com a África).
Esses dois santos, que celebramos neste mês, são modelos para nos animar em nossa vocação de discípulos e missionários, apesar das dificuldades. Que eles, junto com Maria Santíssima, Mãe do Verbo encarnado, prova maior da misericórdia divina, intercedam para que possamos viver em cada dia da nossa vida essa chamada, testemunhando a misericórdia de Deus para todos sobretudo para com os mais necessitados.
Mbaidiguim Djikoldigam Leonardo, estudante comboniano, 2º ano de teologia na PUC-S