
Papa Francisco: Sofá versus Felicidade
“Sim, julgar que, para sermos felizes, temos necessidade de um bom sofá.” (Papa Francisco, Polônia JMJ 2016)
Segundo o Papa, existe uma paralisia perigosa e difícil de identificar: a paralisia que brota quando a gente confunde a felicidade com um sofá.
“Certamente para muitos, é mais fácil e vantajoso ter jovens pasmados e entontecidos que confundem a felicidade com um sofá; para muitos, isso resulta mais conveniente do que ter jovens vigilantes, desejosos de responder ao sonho de Deus e a todas as aspirações do coração.” Afirmou o Papa.
“Mas a verdade é outra! Queridos jovens, não viemos ao mundo para “vegetar”, para transcorrer comodamente os dias, para fazer da vida um sofá que nos adormeça; pelo contrário, viemos com outra finalidade, para deixar uma marca. É muito triste passar pela vida sem deixar uma marca (…). Mas, quando escolhermos a comodidade, confundindo felicidade com consumo, então o preço que pagamos é muito, mas muito caro: perdemos a LIBERDADE”, completou.
Neste sentido, o Papa afirmou que Jesus é o Senhor do risco, não o Senhor do conforto, da segurança e da comodidade. Para seguir a Jesus, afirmou Francisco, “é preciso ter uma dose de coragem, é preciso decidir-se a trocar o sofá por um par de sapatos que te ajudem a caminhar por estradas nunca sonhadas.”
No dia 23 de outubro de 2016, muitos jovens fizeram a experiência dessa troca: sofá por um par de sapatos. Jovens que numa de manhã de domingo, deixaram suas casas, seus familiares, o jogo do “timão”, deixaram simplesmente a comodidade do sofá, para saírem em missão. Foram a uma pequena cidade: Candeias do Jamari; para alguns não passava de um lugar desconhecido; mas reunidos com outros jovens, vivenciamos a experiência do amor, da acolhida, da amizade, da união e até da multiplicação “jovem” com os alimentos partilhados – tinha, ou melhor, surgiu até o suco da PJ e o suco da TERAPIA –. Ouvimos e refletimos a mensagem do Papa Francisco sobre o sofá, que foi trabalhado pelos seminaristas Jeferson e Cristiano e, percebemos que de fato o sofá nos oferece uma comodidade tão agradável, que quando nos é perguntado sobre o sentido da vida, sobre o que é felicidade, ficamos diante de um problema, paramos diante de um dilema…
“Somos convidados à percorrer, à caminhar por estradas nunca sonhadas…”.
“Nós não viemos ao mundo (…) para fazer da vida um sofá que nos ajude a dormir. Mas o oposto viemos para fazer a diferença”, disse o Papa Francisco.
“Fazer a diferença”, uma expressão que nós, JMC, conhecemos bem.
Mas o que é JMC? E porque ser JMC?
“(…) Na alegria de anunciar o Evangelho no continente africano tem sido para mim um grande desafio, pois tinha que abrir meus sentidos a uma nova cultura, porém conquistou meu coração muito rápido (…)”. (Beatriz, Leiga Missionária Comboniana)
“(…) Faz alguns meses atras que conheci mais perto o trabalho dos combonianos em minha diocese, especialmente comecei a conhecer o mártir Pe. Ezequiel Ramin. Sempre achei que a Igreja era aquela que só ficava nas sacristias. Porém conhecendo os missionários, posso ver que o nosso ser Igreja é e deve ser profético e ao lado dos pobres. (…); sou e quero ser missionário a partir da minha realidade. Quero anunciar a alegria do Evangelho ao meu povo. Salvar à Africa com a Africa. Salvar o jovem com o jovem”. (Carlos, pejoteiro, 20 anos, estudante de psicologia; diocese de Maranhão.)
“(…) Faço um trabalho de evangelização com os jovens aqui em Porto-Velho. Sou muito feliz em fazer parte da família comboniana, de ser missionária e servir às áreas ribeirinhas. Penso que a felicidade esta em servir e em especial aos mais pobres e necessitados (…)”. (Sarah, pejoteira, Arquidiocese de Porto-Velho, RO).
Ser JMC, é ser jovens missionários combonianos.
É ser simplesmente alguém que nunca “desejou ser substitutos na vida e que não vegetem comodamente no sofá da vida.”
Ser jovens combonianos é sair de seu comodismo, para percorrer, caminhar estradas nunca imaginadas.
Ser jovens combonianos é descobrir a felicidade no serviço; servindo e evangelizando aqueles que são os excluídos (os pobres, as viúvas, os velhos, jovens ribeirinhos e indígenas). Ser JMC, é ser aquela igreja em saída – muitas das vezes acidentada e enlameada – mas uma Igreja acolhedora e fraterna.
“ O tempo que hoje estamos a viver não precisa de jovens-sofá, mas de jovens com os sapatos, ainda melhor, calçados com as botas. Aceita apenas jogadores titulares em campo, não há lugar para reservas”, ressaltou o Papa.
Naquele dia 23 de outubro, logo após o almoço – hora boa de deitar e desfrutar um pouco da comodidade do sofá, ainda mais com a chuva que caía naquela tarde de domingo -, reunidos na quadra, todos preocupados e ansiosos para a missão; mas… como sair em missão se a chuva não dava “tréguas”? E mesmo com a chuva cessando, como percorrer as estradas cheias de lama?
Mas, o momento mágico, ou melhor, a confirmação de que aqueles jovens ali presentes, não eram jovens-sofá, mas autênticos evangelizadores, foi quando o Pe. Edilson perguntou se eles queriam sair em missão mesmo debaixo de chuva e na lama, todos, simplesmente todos levantaram as mãos, gritando bem alto: SIM. Naqueles exato momento, os jovens calçaram suas botas e percorreram estradas nunca imaginadas; visitaram famílias fora de suas realidades; os jovens naquela tarde eram simplesmente “jogadores titulares”, que representaram magnificamente aquela Igreja acidentada, enlameada, mas uma Igreja acolhedora e uma Igreja em saída, como tanto nos vem pedindo o Papa Francisco.
Os jovens levaram um pouco de Candeias em suas bagagens e deixaram também algo de sua juventude para a população de Candeias: a certeza que juntos – jovens e adultos – podem e devem percorrer as mesmas estradas nunca sonhadas. O Papa na JMJ 2016, pediu aos jovens que ensinassem os adultos a conviverem na diversidade, no diálogo, na partilha da multiculturalidade, não como uma ameaça, mas como uma oportunidade:
“Tende a coragem de nos ensinar que é mais fácil construir pontes do que levantar muros…” (Papa Francisco).
O VINDE e VEDE 2016 mostrou isso na íntegra, mostrou que jovens e adultos podem ser construtores da boa nova.
“Aceitais? Que respondem as vossas mãos e os vossos pés ao Senhor, que é Caminho, Verdade e Vida?”, perguntou o Papa Francisco, concluindo seu discurso.
Agora cabe à nós, jovens e adultos, responder a estas perguntas…
O que diremos ao Senhor?
É uma pergunta, que nos desafia a olhar no mais profundo do nosso ser, para buscarmos a resposta; e nesta hora que nos vem na memória a imagem de um bom sofá, que nos oferece a segurança e uma boa comodidade, mas junto também vem a imagem da pessoa de Jesus Cristo que nos oferece o risco e a felicidade de servir na liberdade e no amor, e dependerá somente de cada um decidir o que realmente proporciona a eterna e verdadeira felicidade.