PÁSCOA: É PROIBIDO PARAR!
“Não me segures!”. São estas as primeiras palavras que o Ressuscitado dirige a Maria Madalena, depois de tê-la chamada carinhosamente pelo nome.
O significado principal da Páscoa está tudo concentrado nelas. Páscoa é passagem, movimento, caminho… É proibido estacionar no Calvário, andar pelo cemitério à procura de Jesus entre os mortos, sentar-se aos pés do túmulo, derramar lágrimas de desespero, trincheirar-se no medo ou enrolar-se na sensação de fracasso. Páscoa é levantar-se e pôr-se a caminho nos rastros de Jesus de Nazaré, pois Sua Páscoa abre a cortina do horizonte e nos mostra que o Reino que anunciou é uma realidade concreta.
As narrações do evento pascal são marcadas pela movimentação, pela correria. Quase todas as aparições do Ressuscitado acontecem caminhando, ou pedem às testemunhas de colocarem-se a caminho. Quem para porque acha que tudo está perdido, é um fracassado que faz o jogo do “inimigo”. Desanimar para induzir a desistir é sua principal artimanha.
No caminho da vida, ainda pior do que voltar atrás é decidir de parar. Deter-se significa render-se, resignar-se, renunciar à luta e, pior ainda, desistir de viver. A Páscoa, ao contrário, é um convite a caminhar, a viver e fazer viver em plenitude. Pode até ser a pequenos passos. Cada qual caminhe conforme seu ritmo. Na caminhada o mais importante não é o ritmo da nossa andança, mas a escolha do caminho certo. Jesus é a Via. O importante é andar nas Suas pegadas, sem prendê-Lo aos nossos esquemas mentais, sem adaptá-Lo aos nossos gostos, sem manipulá-Lo aos nossos interesses e sem abrandar a força profética da sua mensagem, custe o que custar.
Maria Madalena entende logo a mensagem. Sem pensar duas vezes, mesmo correndo o risco de ser chamada de louca visionária, põe-se a caminho para contar aos discípulos o que viu. A energia de seu passo vem do amor que nutre por Jesus. Por amor, ela não desiste. Enquanto todos vão embora, ela fica e continua procurando pelo Mestre.
Mesmo derramando lágrimas de desespero, não fixa os olhos nas aparências do fracasso, mas “inclina o olhar para dentro do túmulo”. Graças à sua atitude contemplativa, desce em profundidade e consegue ver aquilo que os outros olhos não conseguem enxergar.
Sua paixão por Jesus e pelo Seu Evangelho sustenta sua fé e anima sua caminhada, pois a Sua Páscoa confirma o que já anunciava o profeta Jeremias: “Eu lhes transformarei o luto em regozijo, os consolarei após o sofrimento e os alegrarei” (Jer 31,13).
Coragem, portanto, não nos seguremos e não nos deixemos prender à resignação, à sensação de fracasso, à impotência e ao desespero. Continuemos caminhando e lutando, pois à nossa frente anda o Ressuscitado que aponta para nós um futuro de Vida plena que é real e está ao alcance daqueles e daquelas que estão a fim de alcançá-lo.
Pe. Xavier Paolillo, missionário comboniano
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