Páscoa: Jesus vive mesmo? Descubra o Segredo
O encontro com Jesus ressuscitado sempre é seguido de um “Ide”. Para respondermos a esse “ide” de Jesus nosso mestre, uma equipe da comunidade do Escolasticado internacional comboniano de São Paulo composta…
“Ide depressa contar aos discípulos que ele ressuscitou dos mortos e que vai à vossa frente para a Galileia… Ide anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão” (Mt 28,7.10)
Para respondermos a esse “ide” de Jesus nosso mestre, uma equipe da comunidade do Escolasticado internacional comboniano de São Paulo composta pelo P. Elias (México) e pelos escolásticos Emanuel Muhime (Malawi), Jean Baptiste Mbusa (Congo RD), Mbaidiguim Leonard (Chade), Paul Chichole (Quênia) e pela irmã comboniana Rosineide (Brasil) saiu para uma experiência de missão de semana santa na quase paróquia Nossa Senhora Aparecida em Itaquaquecetuba. Uma “equipe internacional”, como os cristãos a chamaram. A constituição da equipe já evangeliza. Pois ela demonstra a universalidade da Igreja querida pelo Senhor ressuscitado ao enviar os onze: “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos.” (Mt 28,19). Compreendemos então que, a melhor missão não é aquela de multiplicar as boas palavras, pelo contrario, é testemunhar com o nosso comportamento. O povo de Deus encontrado lá, ao ver a composição da nossa comunidade diversa, mas unida, ficou convencido que ele pode também sair de si e fazer missão, anunciar aos demais que Jesus ressuscitou. Aliás, foi o objetivo da nossa missão: animando missionariamente a comunidade paroquial ajudá-la a se tornar missionária seguindo o intuito de São Daniel Comboni, nosso fundador, fazer com que que as Igrejas locais se sentissem protagonistas da missão.
Sendo meu primeiro ano aqui no Brasil e, vindo da república democrática do Congo, alguns rituais, práticas e celebrações são bem diferentes. Essa minha primeira experiência de celebração deste momento forte da igreja, a Páscoa, aqui no Brasil junto a este povo simples desta cidade do interior de São Paulo foi excepcional. Aliás, todo o tempo quaresmal até a Páscoa, para mim, foi um momento riquíssimo e de muita aprendizagem. Foi com essa sede de aprendizagem que fui a Itaquaquecetuba com a equipe missionária do escolasticado. E consegui matar a minha sede. Saí enriquecido desta missão.
Uma coisa que me marcou muito e que é diferente daquilo que se faz no RD Congo é o velamento da cruz e das imagens dentro da Igreja durante todo o tempo de quaresma até a vigília pascal. No meu país, isso se faz só na sexta feira santa. Para mim, isso tem um significado muito forte. Isto mostra que durante a quaresma não se deve procurar a devoção aos santos, mas antes se encontrar com Cristo. Mas é preciso encontrar Cristo no irmão que mora ao meu lado, principalmente o mais necessitado. Outro elemento deste tempo que me tocou é a via sacra da sexta feira santa. Enquanto no meu país, o Congo RD, a via sacra da sexta-feira santa se faz simplesmente normal sem encenação da paixão. Em Itaquaquecetuba, antes da celebração, na matriz a celebração da paixão de Jesus na sexta-feira santa terminou com a via sacra encenada. Isso me ajudou a viver com mais intensidade a celebração da paixão e morte do Nosso Senhor Jesus Cristo.
Todas as diferentes celebrações do tríduo pascal nesta comunidade foram vividas com intensidade. Liturgicamente, a comunidade paroquial de Itaqua (é assim que o povo chama a cidade) é bem organizada criando um clima de oração, de encontro com Deus e com o próximo. Cada um dos membros é engajado e assumiu bem a sua tarefa dentro da celebração. Aprendemos desta comunidade que a ordem e beleza na liturgia são muito importantes para chegar a uma experiência profunda de encontro com Deus.
Além da parte litúrgica desta semana santa, a experiência do encontro com o povo de Itaquaquecetuba me ajudou a entender o significado da vocação religiosa e missionária. Com efeito, uma parte da missão era visitar as famílias, da comunidade ou não, cristãs ou não cristãs. Saí muito enriquecido desta experiência. Foi momento de partilhar as dores e alegrias do povo, levando a esperança que Cristo ressuscitado nos traz. Constatei nestas visitas, basicamente três tipos de atitudes que pudemos verificar quando saímos visitando as famílias. A primeira é a da rejeição. Com efeito, antes mesmo antes de bater no portão da casa, algumas pessoas respondiam de dentro dizendo que não podiam receber a gente. A segunda é a duma acolhida fria no portão. Eles não tinham vontade de nos fazer entrar na casa. Mas pouca gente nos recebeu assim. A terceira, a que vimos na maioria dos casos, é a da acolhida verdadeira mesmo. Com efeito, a maioria das pessoas nos acolheu nas suas casas, se abriu para nós, partilhando conosco as suas dificuldades, alegrias e esperanças. Da nossa parte, partilhamos as nossas experiências pessoais, incluindo nossa fé e nosso carisma comboniano. Elas ficaram admiradas ao ouvir falar de Comboni e dos Combonianos, dos trabalhos missionários que estamos realizando pelo mundo inteiro junto aos mais pobres e abandonados. Muitas delas aceitaram de colaborar com esta missão nos prometendo orações e comprando os calendários missionários que levamos. Percebemos desta visita o desejo que as pessoas têm de serem ouvidas. Mas infelizmente são poucos os que têm tempo para lhes oferecer. Foi uma experiência do encontro com Jesus nesse povo. Ao falar com as pessoas, elas ficavam felizes e elas não queriam deixar a gente ir embora. Sempre disseram como os discípulos de Emaús: “ficai conosco …” (Lc 24,29).
A missão durou quatro dias. Fomos para lá na quarta feira santa e a voltámos para casa no domingo da Páscoa, cheios de alegria e enriquecidos pela nova experiência.
Jean-Baptiste Mbusa Tulirwagho e Mbaidiguim Djikoldigam Leonard, combonianos estudantes
Fotos: Arquivo comboniano e Pixabay