
Pastoral Carcerária-APAC: Justiça, lei e cuidado com a vida
A realidade prisional brasileira é um barril de pólvora que, de vez em quando, descarrega sua pressão através de rebeliões que nem sequer podem ser narradas. O assunto é tão complexo que nem sequer ousamos entrar nele; apenas mencionamos a violação dos direitos, a superlotação e a rentabilização privada de mais um negócio desumano, entre tantos no Brasil. Mas pode haver alternativas, você sabia? Vejamos…
O sistema prisional é profundamente desumano
1. Tu foste-me visitar
“Estava doente e na prisão e tu foste me visitar” Mt 25. São palavras com a maior atualidade, também entre nós, no Brasil. Um sistema prisional que se enquadra na economia, sociedade e política brasileiras e, ainda para mais, entregue a instituições sem fins lucrativos, constitui uma realidade que no mínimo, é desafiadora.
A igreja sempre mostrou atenção e envolvimento nessa dura realidade. Em especial o método da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados – APAC, prima pela confiança de que a recuperação sempre é possível.
O Valdeci, autor do artigo, é Leigo Missionário Comboniano
2. Prisão sem Grades
A “prisão sem grades” de fato entrega a responsabilidade pela segurança aos ‘recuperandos’ (não presidiários, nem presos), prescindindo assim da pesada estrutura da guarda prisional. Não existindo guardas, também não há necessidade de armas. O segredo da segurança foi um dia expresso por um dos recuperandos: “Do amor ninguém foge”. A cada pessoa condenada é dada a oportunidade de tomar a vida em suas mãos e assumi-la, para lhe dar a volta. Todos são ajudados a enfrentar suas ações, a fim de se reconciliarem com sua história, sua família e a sociedade em geral. Só assim podem se tornar pessoas novas.
3. O Início e expansão da APAC
A experiência teve seu início em São José dos Campos, interior de SP, quando Mario Ottoboni, juntamente com um grupo de voluntários envolvidos na pastoral carcerária visitaram o presídio local. Ficaram de tal modo chocados com as condições desumanas dos presos, que o próprio Dr. Mário começou a pensar na criação de uma metodologia que possibilitasse àquelas pessoas de começarem a recuperar a sua autoimagem, por meio da esperança, confiança e misericórdia.
Com mais de 46 anos de trabalho, administrando 51 Centros de Reintegração Social no Brasil, e aplicando parcialmente o Método em 12 países, tais como Chile, Itália, Costa Rica, etc, a APAC se sente orgulhosa e animada a prosseguir, não somente pelo fato de a reincidência dos recuperandos girar em torno dos 15%, quando a média nacional é em torno de 85%, mas também a redução do custo por recuperando, em torno de 1/3, se comparado com os presídios comuns. Não menos importante, precisa registrar a ausência de rebeliões, o tratamento humano e respeitoso ao preso e aos seus familiares, etc.
Acesse fbac.org.br e conheça mais.
Valdeci Ferreira, LMC