Pe Ezequiel Ramin: Martírio ou somente Violência?
Hoje é um dia importante: celebramos em Cacoal o encerramento da fase brasileira do processo de beatificação do pe. Ezequiel Ramin.
Ao longo desses anos, a figura de Ezequiel está inspirando a busca de sentido, a visão de igreja, o conceito de justiça social e os sonhos de muitas pessoas, especialmente os jovens.
A igreja das CEBs, do compromisso na luta pela terra e a dignidade dos povos indígenas faz também dele um ponto de referência para não perder a esperança. Fico comovido ao pensar no rosto de Ezequiel junto a muitos outros no santuário dos mártires da caminhada em São Félix de Araguaia, de onde dom Pedro Casaldáliga alimenta ainda hoje nossa fé coletiva na ressurreição das vítimas.
Ao mesmo tempo, muitos de nós conhecem Ezequiel com suas contradições e fragilidades, o que nos aproxima ainda mais a ele e ao desafio da fidelidade à missão apesar de nossos limites.
Creio que o dia de hoje seja uma boa ocasião para inspirar a caminhada de nossa Quaresma: “Dói no coração ver tamanha injustiça e saber de poder fazer tão pouco”, dizia Ezequiel.
Peço a Deus que nesse tempo cresça dentro de nós aquele coração de carne, inquieto, inconformado, que a cada dia se deixa provocar pelos pobres.
Se tem uma conversão sobre a qual precisamos trabalhar, em todas as nossas quaresmas, é a conversão aos pobres. Estou convencido que, se partirmos disso, saberemos também interpretar as dificuldades que a vida comunitária e as diversas visões de vida comboniana nos apresentam e não nos deixaríamos sufocar por nossas fragilidades.
Aproveito para agradecer de coração todas as pessoas que estão se empenhando para que a figura de Ezequiel inspire a vida de muitas outras pessoas. Entre eles, parece-me justo destacar a dedicação total a essa causa de pe. Arnaldo Baritussio e a paixão de animador vocacional de pe. Rafael Vígolo.
Boa celebração a todos nós e boa caminhada de Quaresma!