
Pe. Rodolfo Caicedo: “Nunca deixe de cuidar dos doentes”
Quando fui na sacristia, me despedir, na última Santa Missa, que ele realizou na comunidade no dia 15 de outubro de 2019, ele me disse ao se despedir: “Nunca deixe de cuidar dos doentes e da comunidade de Santa Teresa”.
Por Maria da Glória Souza
Pe. Rodolfo visitando famílias
Testemunho da D. Maria da Glória
Era o dia 04 de outubro de 2014: vivíamos tempos difíceis, nós moradores do Bairro Santa Teresa, São Mateus – ES. Tinham casas ao lado direito da Avenida Cricaré, que dividiam o fundo de nossas casas com uma cerca de arame farpado, pois a terra pertencia à fazenda do senhor Chiquito. Estávamos proibidos de passar pela cerca para pescar no rio Cricaré ou para brincar. As crianças tinham no corpo as marcas do arames, pois quando passavam embaixo dos arames, se cortavam. Uma família precisando de espaço, construiu um quarto, que servia de abrigo para uma pessoa idosa, que veio morar com os seus entes queridos. Estes resolveram invadir um pouco do espaço, cortando a cerca de arame, para construir um cômodo para o velhinho. Os donos da fazenda chamaram a polícia, que derrubou a frágil construção, e levaram a moradora e a filha presa.
Passando quinze dias, pe. Rodolfo veio na comunidade para confessar os doentes e passou também por esta família: ficou sabendo de tudo que tinha acontecido. Foi embora e não falou nada… Passando alguns dias, o padre apareceu de novo no bairro, convidando as famílias para uma reunião, orientando no que podia ser feito… e foi embora. A partir daquela conversa, começamos a nos organizar e pedir ajuda dos advogados da Diocese de São Mateus. A luta foi difícil; durou mais de um ano, mas com a ajuda do padre, conseguimos ganhar na justiça o direito de 15 m de terra. Esta luta ganhou da paróquia o nome da “Luta pelos Quintais”. Tivemos a presença de Dom Aldo no dia da audiência. Hoje todos os moradores tem quintais, graças ao empenho do pe. Rodolfo, que não mediu esforços para nos ajudar.
Quando fui na sacristia, me despedir dele, na última Santa Missa, que ele realizou na comunidade no dia 15 de outubro de 2019, ele me disse ao se despedir: “Nunca deixe de cuidar dos doentes e da comunidade de Santa Teresa”. Que Deus me guie para que possa seguir o seu conselho e o seu exemplo. Descanse em paz, meu padre.
Convívio durante o Fórum Social Mundial, Salvador-BA