População islâmica jovem mais vulnerável no mundo Árabe
Há quase 6 anos que a auto imolação de um vendedor de frutas tunisiano desencadeou uma onda de protestos em todo o mundo árabe. O que mudou desde que os povos do médio oriente e do norte de África saíram às ruas em busca de liberdade?
O novo relatório das nações unidas refere uma situação crítica e avisa que as condições podem levar a uma nova onda de levantamentos populares. Focando a juventude daquela região, o Relatório do Desenvolvimento Humano Árabe mostra que enquanto a região viu mudanças sem precedentes, persiste a falta de oportunidades e de inclusão.
Uma parte pode ter suas raízes nos conflitos durante a última década. Representando apenas 5% da população mundial, o mundo árabe viveu 25% dos conflitos desde 2010. Acontecimentos na Síria, Líbia e no Yemen são duros exemplos de tais conflitos. As guerras na região, diz o relatório, “causaram danos massivos às infraestruturas básicas e interromperam o fraco processo de desenvolvimento”. No ano 2050, 3 em cada 4 pessoas no mundo árabe viverão em países com alto risco de conflito armado e em 2020 mais de 350 milhões de pessoas serão afetadas pelos conflitos.
O aumento simultâneo das despesas militares tem tido “um efeito negativo na educação, saúde, infraestruturas e nos setores produtivos”. O desemprego entre os jovens é o mais elevado de todos, no mundo.
Como resultado, isto significa que as perspetivas para os jovens “são de maior vulnerabilidade do que nunca”, o que poderia também levar ao extremismo. Se as suas vozes e aspirações forem ignoradas, a juventude “será uma forte fonte de instabilidade social adiada, ameaçando a segurança humana”, afirmam os autores. O exercício do direito de voto está no seu nível mais baixo, globalmente.
O que é preciso fazer? Deixar de lado a ideia de muitos governos da região que veem a juventude como uma dificuldade para o desenvolvimento; ao contrário devem ver os jovens como um recurso, empoderando-os, diz o relatório.
Educação de melhor qualidade, criação de empregos e a possibilidade de participar ativamente na vida pública são alguns dos pilares na estratégia para o futuro, elaborada no relatório. Não será um objetivo fácil, uma vez que a região necessita de criar mais de 60 milhões de postos de trabalho, no ano 2020, a fim de estabilizar o desemprego juvenil e absorver os novos candidatos ao mercado de trabalho. Em suma, o futuro da juventude árabe é também o futuro da região.20