
“Por fim, eu estava feliz por poder partir” – artigo de Gédéon Ngunza, comboniano congolês no Malawi
Nasci em 1979, em Mutoy, Diocese de Kikwit, República Democrática do Congo. Meus pais, fervorosos católicos, tiveram oito filhos, eu sou o sexto. Tive uma infância pacífica. Depois do ensino básico, me matriculei em um internato em Kikwit, onde me encontrei com religiosos e padres de várias congregações. Eu gostava particularmente dos Irmãos Combonianos: sua maneira de trabalhar e o tipo de missão deles tinha algo que me atraía. Parecia-me que eu poderia ser um deles. Minha família me encorajou e em 2001, entrei no Postulantado dos Irmãos do Instituto dos Missionários Combonianos.
A 13 de maio de 2007, fiz meus primeiros votos religiosos e viajei para Nairóbi onde continuei minha formação no Centro Internacional de Irmãos. Frequentei o Tangaza College, na faculdade de Ministério Social, onde fiz um curso de Ciências Sociais e Desenvolvimento Humano e concluí em 2011 o Mestrado em Gestão Financeira.
Por fim, eu estava feliz por poder partir para o meu primeiro serviço missionário. Fui enviado para o Malawi, como professor no Colégio Técnico de Comboni (CTC), em Lunzu. Saltei diretamente para minha nova missão, com toda minha energia e entusiasmo. Li e estudei tudo o que podia para conhecer melhor o Malawi: seu povo, suas incríveis culturas, sua veia artística e seus talentos, seus potenciais, suas dificuldades, suas expectativas… Eu tinha uma curiosidade e uma preocupação particular com os jovens, sempre motivada por uma pergunta: “Como posso ajudá-los a ser o que Deus quer que eles sejam?”
No Colégio, o ritmo das aulas é intenso: 46 semanas por ano, 40 horas de instrução por semana (32 horas de trabalho prático e 8 horas de teoria). Após dois anos, os alunos têm seis meses de experiência adicional em indústrias e empresas em todo o país, onde podem colocar em prática os conhecimentos que receberam.
Já vivo há 11 anos junto com 150-180 jovens, aos quais ensino empreendedorismo, contabilidade e desenvolvimento humano. Como membro da administração, passo a maior parte do meu tempo com eles, tentando conhecê-los melhor e estabelecer uma relação de confiança mútua. A cada ano testemunho algo que me fascina e me emociona. Jovens vêm até nós tímidos, e quase com medo. A timidez e o medo, no entanto, desaparecem em poucas semanas. O ambiente amigável e caloroso ao seu redor os ajuda a relaxar. E eu os vejo crescer, amadurecer, tornarem-se confiantes e, acima de tudo, alegres.
Para ser honesto, tenho que admitir que não há missão sem desafios. Grande é a dor que sinto quando vejo alguns alunos que abandonam os estudos e deixam a escola porque não há ninguém para pagar suas mensalidades. Alguns deles são estudantes brilhantes, a maioria meninas. Acima de tudo, rezo a Deus para que ele continue a tocar os corações das pessoas de boa vontade que, surpreendentemente, vêm nos dar uma mão com sua generosidade, fornecendo ferramentas para a formação e também alimentação.
Estou feliz por estar aqui, e só quero continuar por muitos mais anos, porque, neste lugar de formação juvenil, sinto-me totalmente realizado como Irmão Comboniano.
Vocês que me lêem, venham e subam a bordo!
Gédéon Ngunza, comboniano congolês no Malawi