Processo sinodal para quem?
Vemos ao longo dos Evangelhos como Jesus se estende a todos. Ele não se limita a salvar as pessoas individualmente, mas salva-as como um povo que Ele mesmo reúne, enquanto único Pastor de todo o rebanho (cf. Jo 10,16). O ministério de Jesus mostra-nos que ninguém é excluído do plano de salvação divino, assim também no processo Sinodal ninguém deve ser excluído.
Igreja povo de Deus
O trabalho de evangelização e a mensagem de salvação não podem ser compreendidos sem a permanente abertura de Jesus a um público o mais vasto possível. Os Evangelhos referem-se a isto como a multidão, composta por todas as pessoas que seguem Jesus ao longo do caminho e por todos os que Jesus chama a segui-lo. O Concílio Vaticano II salienta que “todos os homens e mulheres são chamados ao novo povo de Deus” (LG 13). Deus está verdadeiramente a trabalhar em todo o povo que Ele reuniu. É por isso que:
“a totalidade dos fiéis que receberam a unção do Santo não pode enganar-se na fé. E esta sua propriedade peculiar manifesta-se por meio do discernimento sobrenatural da fé do povo todo, quando este, desde os Bispos até ao último dos leigos fiéis, manifesta consenso universal em matéria de fé e costumes” (LG 12).
O Concílio salienta ainda que tal discernimento é animado pelo Espírito Santo e procede através do diálogo entre todos os povos, lendo os sinais dos tempos em fidelidade aos ensinamentos da Igreja.
A fase diocesana
Por isso o objetivo da fase diocesana do Sínodo é consultar o Povo de Deus para que o Processo Sinodal seja levado a cabo através da escuta de todos os batizados. Ao convocar este Sínodo, o Papa Francisco convida a todos os batizados a participar neste Processo Sinodal que começa a nível diocesano.
As dioceses são chamadas a ter em conta que os principais sujeitos desta experiência sinodal são todos os batizados. É preciso ter especial cuidado para envolver as pessoas que possam correr o risco de serem excluídas: mulheres, deficientes, refugiados, migrantes, idosos, pessoas que vivem na pobreza, católicos que raramente ou nunca praticam a sua fé, etc. É necessário também encontrar meios criativos para envolver as crianças e os jovens.
Todos devem ser escutados
Juntos, todos os batizados são o sujeito do sensus fidelium, a voz viva do Povo de Deus. Ao mesmo tempo, para participar plenamente no ato de discernimento, é importante que os batizados escutem a voz de outras pessoas do seu contexto local. Nessa escuta se deve incluir pessoas que abandonaram a prática da fé, pessoas de outras tradições de fé, pessoas sem crença religiosa, etc. Efetivamente, como declara o Concílio:
“As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração” (GS 1).
Por esta razão, enquanto todos os batizados são especificamente convocados a participar no Processo Sinodal, ninguém – não importa a sua filiação religiosa – deve ser excluído de partilhar a sua perspectiva e experiências. Na medida em que querem ajudar a Igreja no seu caminho sinodal de procura do que é bom e verdadeiro. Isto vale especialmente para aqueles que são mais vulneráveis ou marginalizados.
Cf: Vademecum para o Sínodo sobre a Sinodalidade
Fotos: Arquivo comboniano