Que a Igreja seja mãe como Maria
No alto do Gólgota, quando tudo se faz escuro, as trevas tomam conta da terra, a solidão reina, o mal se impõe com tudo, a morte parece prevalecer e a humanidade despeja quanto de pior possa ser capaz de aprontar, Jesus surpreende ainda uma vez. Do alto da cruz evoca ternura e cuidado. Guarda seus últimos respiros para falar de mãe, de filho, de acolhida e amparo. Não é qualquer cuidado. Mas aquele que tem a intensidade e a profundidade da relação entre mãe e filho. Jesus, no ápice de sua dor, invoca o cuidado materno. Manda a mãe OLHAR para e pelo filho e o filho para e pela mãe. É um olhar ao mesmo tempo contemplativo e generativo. É um olhar que só sabe gerar vida. É um olhar que deve constituir o parâmetro dos nossos olhares uns pelos outros, assim como Deus olha por nós. Jesus não tem dúvidas. À humanidade ferida que ainda tem força para ficar em pé ao lado dos crucificados, aponta o AMOR MATERNAL como a única saída da espiral da violência e da cultura da morte. Não se trata de uma qualidade exclusivamente feminina, mas do único e verdadeiro jeito de amar. Trata-se do amor visceral, que mexe por dentro, torce as entranhas, deixa inquieto, esquenta o coração e mobiliza a fazer qualquer coisa, até o gesto supremo de sacrificar-se, para gerar e defender a vida. Deus mesmo, apesar de todas as representações machistas, só sabe amar dessa forma. (Pe. Xavier Paolillo, missionário comboniano)