
Saiba como foi o Encontro dos Leigos Missionários Combonianos
Tranquilo Dias trouxe uma cobertura de como foram os dias do Encontro dos Leigos Missionários Combonianos, realizado em Açailândia/MA. Confira:
Dia 15
O encontro presencial do Itinerário formativo LMC organizado para os dias 15 a 22 de janeiro em Açailândia/MA, acontece no Piquiá. Está é uma das presenças mais antigas e com continuidade dos LMC no Brasil e uma referência para o trabalho como Família Comboniana na Causa da Justiça e Paz e Integridade da criação (JPIC).
Neste domingo, de maneira providencial, celebramos a renovação das promessas do batismo na missa na comunidade N. Sra do Rosário. É um convite litúrgico anual de se revisitar a pia batismal em que se foi batizado e a redescobrir a dimensão da missionariedade. “Sou batizado? Então devo ser missionário senão não sou cristão!” (Pedro Casaldáliga). Também o testemunho do profeta Isaias nos lembra que não basta o servo tomar consciência da sua missão. É preciso ser luz entre as nações! (Is 49,6).
Dia 16
O dia foi intenso! Pela manhã participamos do Retiro de lançamento do Ano Vocacional na Paróquia Santa Luzia. Foi um momento de partilha, formação e de testemunhos vocacionais. Cristina partilhou sua vivência LMC ressaltando a relevância do laicato missionário na Igreja e em particular dos LMC. Um momento forte foi o almoço comunitário preparado pelas comunidades.
A tarde junto à comunidade MCCJ, com pe Carlo, pe Jose e o escolástico Alessandro, se conversou sobre a história da presença comboniana na região e sobre o plano pastoral paroquial.
A noite fomos agraciados com um bonito momento de convivência com a presença do casal João Carlos e Dida e o momento de cantoria puxado por Marcelo e Adriana.
Esta período de convivência tem por objetivo ser um momento especial no processo de discernimento que já entra no segundo ano, em vista do chamado LMC para servir ao Reino. Oportunidade de aprofundar sobre a Vocação como chamado de Deus, opção e estilo de vida e missão.
Dia 17
Nosso dia iniciou com um momento de mística e espiritualidade.
Em seguida, fomos conhecer o Projeto Justiça nos Trilhos. Pessoas empenhadas em colaborar e ajudar os moradores de Piquiá de Baixo e Piquiá de Cima que sofrem com o descaso da prefeitura e do governo, são usurpados por advogados locais e tem suas vidas oprimidas pela exploração das indústrias siderúrgicas e de cimento. Povo sofrido, excluído e abandonado pelo Estado.
Conhecemos uma comunidade fraterna, com jovens conscientes de seu protagonismo social.
A Justiça nos Trilhos reúne forças e corações embuidos do desejo de transformar esta realidade a partir daqueles que aqui sofrem.
O dia termina com uma aula do Padre José sobre o Ensino (Doutrina) Social da Igreja. Destaque para a tão grande contribuição do Papa Francisco para aproximar nossa igreja da realidade do Evangelho de Cristo.
Dia 18
Como de costume, nossa manhã iniciou com o café da manhã preparado por todos nós. Em seguida, tivemos nosso momento de espiritualidade e mística. Realizamos uma partilha da memória do dia anterior.
Após, fomos com o padre José para o Piquiá da Conquista. Fomos recebidos pela Dona Francisca (Dona Tida) e pela equipe da cozinha “Sabor da Conquista”, formada por Maria do Socorro, Josi e Graça.
Dona Tida nos contou a história desta realização. O povo chega no Piquiá no final da década de 70. Na década de 90 as empresas siderúrgicas iniciam suas instalações no Piquiá de Baixo e, não se importando com as famílias que ali residem, instalaram os seus fornos para produção de aço e espelindo fumaça tóxica, fuligem e dejetos. Após uma tentativa frustrada de acordo com a direção da empresa Gusa, o povo do Piquiá de Baixo cria uma associação e inicia sua luta por melhor condição de vida. Momentos de desânimo, de sentimento de derrota assola a toda comunidade. Padre Dário, a quem Dona Tida define como aquele que tem o “jeito de Deus” e o Dr Danilo (advogado) adicionam um novo sopro de vida e entusiasmo ao movimento. Depois de muitas manifestações e mobilizações, conflitos jurídicos e descasos, o terreno foi escolhido pela coordenação do movimento e iniciou assim a realização de um sonho, de uma luta popular. O povo participa de cada fase, de cada etapa do projeto. Em 2012, o projeto foi aprovado pelo povo. Em 2018, a obra de construção das 312 casas, espaços de mobilização e de reza, é iniciada. Um fato marca a data em que o primeiro tijolo foi assentado. A notícia da morte do senhor Edvar chega neste mesmo dia. Uma liderança que muito lutou e brigou por esta conquista. E assim, em tijolo e tijolo, nascia o Pequiá da Conquista. As obras estão previstas para serem concluídas no final deste ano, início de 2024.
Após o almoço no Sabor da Conquista, fomos recebidos pelo João Carlos na Casa Familiar Rural, local onde também conhecemos o projeto Ciranda, de agroecologia, coordenado pela Justiça nos Trilhos.
O nosso dia termina com um encontro de discipulado, que foi preparado e realizado pela comunidade de Nossa Senhora do Rosário.
Dia 19
Recebemos a visita do Padre Carlos em nosso café da manhã. O tema do encontro foi Justiça e Paz. Nossa conversa foi até o meio dia, quando realizamos um encontro online com a presença do Flávio e Liliane e Marcelo e Adriana. Foi uma conversa muito agradável e falamos sobre nossas atividades.Após o almoço, fomos visitar o Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos “Carmen Bascarán”, em Açailândia (MA). Atuação do Centro de Defesa ocorre em três núcleos: Atendimento sócio, jurídico e psicológico; Atividades socioculturais e Combate ao trabalho escravo. Este último com ações voltadas para prevenção, repressão e inserção dos esgatados para romper o ciclo do trabalho escravo.
Ausência de políticas públicas para pessoas violadas acabam por promover a reincidência do trabalho escravo. O Centro de Defesa promove capacitações profissionais e rede de assistência para este público, além de escutas nas comunidades.
Após este encontro, fomos provar o açaí de Açailândia, na açaíteria “Açaí do Tião”. Só elogios ao açaí e ao atendimento.
Dia 20
Acordamos 06 horas, preparamos nosso café da manhã e partimos para conhecer o Acampamento Agro Planalto e os Assentamentos Francisco Romão e João do Vale. Na ocasião, a comunidade local celebrou o batismo de crianças e jovens. A missa foi celebrada pelo padre Silvério. Visitamos a Casa das Mulheres “Sementes da Terra”. João Carlos nos acompanhou nestas visitas e informou que é realizada formação com os acampados e assentados em agroecologia, economia solidária e direitos humanos.
Dia 21
Nosso encontro chega ao seu último dia. Preparamos nosso café da manhã, mas levamos para a casa dos padres (ao lado) para que possamos tomar nosso café da manhã com padre Carlos e três jovens (Angleane, Cecília e Antônio Marcos) da comunidade e que produzem e apresentam um programa semanal na rádio local.
Após nós despedirmos dos jovens, realizamos um momento de estudo com padre Carlos sobre o Pacto Comboniano pela Casa Comum. Nos foi proposto a escolha de um compromisso pessoal e um comunitário. Também preparamos uma resposta para a questão sobre qual dimensão mais nos impactou sobre as experiências vividas neste período.
Preparamos o nosso almoço e levamos para a casa dos padres. Almoçamos com a Eunice, Alexsandro, padre Savério e padre Carlos.
No início da tarde, realizamos um momento de avaliação e, em seguida, celebramos uma missa com o padre Carlos e com o Alex. Durante a missa, tivemos os momentos para apresentarmos as nossas respostas.
Por fim, preparamos nosso momento comemorativo para marcar o fim do encontro. Recebemos a visita da Mainara. Alex e os padres também participaram do nosso churrasco.