
Santuário Santa Cruz da Reconciliação celebra 50 anos
Em 10 de março de 2023, celebramos as Bodas de Ouro da inauguração da capela do Santuário Santa Cruz da Reconciliação, mas foi no dia 06 de Agosto de 1999, que a Capela Santa Cruz foi proclamada “Santuário Santa Cruz da Reconciliação” pelo então Bispo da Diocese de Campo Limpo, D. Emílio Pignoli.
Introdução
O presente relato histórico da origem do Santuário teve a contribuição oral de dona Maria de Lourdes Araújo, da Sra. Neide Maria Amaral Baraglia, da Sra. Madalena Godoi, entre outras pessoas, e do Livro de Tombo da Paróquia de Santo Antônio do Caxingui.
1. Origem do Santuário
Eis alguns fragmentos da história da origem desse Santuário.
No começo dos anos cinquenta, os moradores do atual bairro da Previdência e do Caxingui pertenciam, juridicamente, à paróquia de Nossa Senhora do Monte Serrat de Pinheiros.
Na época, não havia padres, havia, porém, muitas capelas onde as pessoas se encontravam para rezar.
Na atual Avenida dos Três Poderes, onde hoje funciona um posto de gasolina, existia a Capela da Família Christe, dedicada à Santa Cruz. Também no Caxingui, na Rua dos Três Irmãos havia uma Capela dedicada à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, cujo proprietário era o Sr. João Ribeiro de Souza Filho.
O Sr. Paiva e outros amigos construíram uma outra capela num terreno de esquina com a Avenida Professor Francisco Morato, dedicada a Santo Antônio.
2. Os Combonianos e o Santuário
Com a chegada dos Missionários Combonianos em 1955, abre-se uma nova página de história, tanto para o bairro Caxingui como para o bairro da Previdência.
No dia 12 de outubro de 1955, Dom Paulo Rolim Loureiro, bispo auxiliar de São Paulo, representando o Cardeal Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota, nomeou o comboniano italiano, padre Pedro Albertini, primeiro pároco da Paróquia Santo Antônio do Caxingui, em São Paulo. O padre acabava de chegar da diocese de Vitória, no Espírito Santo.
A partir dessa data, o povo teve oportunidade de participar das missas dominicais.
No bairro do Caxingi, a casa dos missionários ficava na esquina das ruas Roquete Pinto e rua José Rubens, junto ao santuário e as missas eram celebradas ali. Com esta mudança, as missas do bairro da Previdência passaram por vários endereços: galpão de madeira na pracinha; parque infantil da Prefeitura; na Sanipec (Sociedade de Amigos da Previdência). Até que em 1967, com a ajuda de dona Elizabeth B. Rolim (prima do Bispo já citado), o povo conseguiu a doação de um terreno para a construção da Capela. Os doadores foram os da Família Christe. No período de 1967 a 1973 há poucos relatos da vivência religiosa aqui no bairro. Sabe-se, porém, que o povo se reunia para levantar fundos para a construção da Capela, organizando o assim chamado “Capelão” de ajuda voluntária. Tudo isso contribuiu para que a Capela fosse considerada do povo. Os Missionários Combonianos, com residência no Caxingui, continuavam a dar assistência aqui na capela do bairro da Previdência. Grande foi a proximidade e a contribuição que os Combonianos sempre dedicaram a este Santuário. No início, padre Pedro Albertini veio para o Caxingui, acompanhado pelo padre Rino Carlesi (então padre provincial do Brasil Sul) e moravam no bairro do Caxingui. Na direção da paróquia, o padre Pedro Albertini foi sucedido pelo padre José Dalvit, que logo deixou a paróquia por ter sido nomeado primeiro bispo de São Mateus, no estado do Espírito Santo. Em seguida, chegou padre Guido Píccoli o qual por muitos anos marcou presença ativa em trabalhos pastorais e sociais, comprometido com os mais pobres e, por isso, perseguido durante a Ditadura Militar.
A paróquia Santo Antônio do Caxingui era muito extensa, com várias capelas, entre elas a Capela Santa Cruz, cuja origem teve o povo unido como protagonista, o qual soube lutar e enfrentar as dificuldades para adquirir o terreno e angariar fundos para erguer suas paredes que com a arte e sensibilidade do Arquiteto Américo Hoover se transformou no lindíssimo templo de hoje.
3. Missionários que passaram aqui
Desde o longínquo ano de 1955, muitos combonianos que por aqui passaram, deixaram saudades pela amizade, dedicação e trabalho.
Procuramos seguir um fio cronológico, uma tentativa e esforço de lembrar seus nomes: Pedro Albertini, José Dalvit, Guido Píccoli, Giovanni Mattioli, Giovanni Salvatore, Andrea Pazzaglia, Giuseppe Narduolo, Mariano Baraglia, Jorge Gouveia, Marco Trentin, Antonino Durante, Domenico Tarcísio Andriollo, Daniele Bettenzolli, Aldo Lampetti, Ângelo La Salandra, Enrico Galimberti, Walter Borghesi, Giampietro Baresi, Pietro Bracelli, Elio Savoia, Pietro Settin, Francesco Lenzi, Lino Cordero, Giuseppe Cavalieri, Franco Vialetto, Giovanni Munari, Mario Andrighetto, Assunto Tebaldini, Alcides Costa, Sandoval, Luz, Florêncio Paz, Dário Bossi. Ainda lembramos os Irmãos Combonianos Giosuè Grismondi, Aldo Morandini, Domenico Barbieri, Carmine D’Aloia, Antônio Marchi, José Neto, Matias dos Santos e Valentim Rodrigues. E incluimos os missionários que, atualmente, residindo na Casa Provincial, também atuam no Santuário: os padres Danilo Cimitan, Enzo Santângelo, Luciano Marini, Raimundo Rocha (atual Provincial), Vitor Anciães e o Irmão João Paulo Martins.
Conclusão
Os missionários combonianos apresentam e fazem conhecido São Daniel Comboni em celebrações e encontros. Com seu carisma comboniano de “opção preferencial pelos pobres”, procuram orientar os fiéis a fazerem do Santuário, espaço onde se vive e se percebe o clamor do povo pobre e buscando servir aos mais necessitados e aos que estão em situação de maior injustiça social.
O santuário Santa Cruz da Reconciliação procura ser “um lugar de oração, cultura e serviço aos pobres, um lugar de intercâmbio e cooperação a serviço da missão evangelizadora da Igreja no Brasil”.
Por Enzo Santângelo, comboniano em SP