
São José: o “salvador” do Salvador
Hoje celebramos a festa de São José. Tradicionalmente, acontece no dia 19 de março. Neste ano, a data foi antecipada por causa do quarto domingo da Quaresma. Dele se diz pouco nos Evangelhos. Ele mesmo, inclusive, não diz nem uma palavra, mas seu papel na família de Nazaré é decisivo. O evangelista Mateus conta que é um homem justo (Mt 1,19). É um “jovem de responsa”, que tem cabeça boa e coração generoso. Conhece a arte do discernimento. Lê os acontecimentos da vida com a lupa do amor. Fica atento à Palavra de Deus e, ao mesmo tempo, tem maior cuidado para com as pessoas. Mesmo quando as coisas parecem andar pelo lado errado, não abandona a via da ternura. Apesar das dúvidas a respeito da gravidez de Maria, não parte para a agressão, mas age com cuidado evitando que ela seja exposta ao linchamento público. Em nome do amor, abre mão daquilo que a lei lhe garante. A dignidade de Maria é mais importante de seu orgulho ferido. Apesar de seu sofrimento, toma a decisão de salvaguardar a dignidade da mulher que ama dando prova de quanto sincero fosse seu amor por ela. É por isso que Deus se interessa por ele e o envolve em seu sonho. Ao lado do Filho deseja um pai terreno que pense e aja como Ele. José confia. Mostra mais coragem ele em partilhar o projeto de Maria do que Maria em partilhar o projeto de Deus. “Ela investe tudo na onipotência do Criador, enquanto ele aposta tudo na fragilidade de uma criatura. Ela tem mais fé, mas ele possui mais esperança. O amor, depois, faz todo o resto” (dom Tonino Bello) Sem abrir a boca aceita o desafio que Deus lhe propõe. A partir daquele momento, coloca de lado seus sonhos pessoais para assumir o sonho de Deus. Em nenhum momento aparece como uma pessoa passiva, submissa, sem personalidade própria e privo de iniciativa, como um homem diminuído ou assustado perante a vida como alguns andam dizendo; pelo contrário, sabe enfrentar os problemas, superar as situações difíceis, assumir com responsabilidade e iniciativa os trabalhos que lhe são encomendados. Mesmo se Deus lhe fala durante o sono, é ele que toma a decisão quando acorda. Decide de acordo com o coração e em plena consciência. Sua condição de pobre não lhe impede de cercar Maria dos cuidados indispensáveis na hora do parto. O calor de seu amor faz de uma humilde gruta a maternidade mais importante do mundo. Protege Maria e o Menino da fúria de Herodes fugindo com eles para o Egito. Passado o perigo, volta para Nazaré onde exerce sua paternidade com responsabilidade contribuindo, ao lado de Maria, sua companheira inseparável, com a formação humana de Jesus. Sustenta a família com o trabalho honesto. Mesmo não tendo estudado, conhece e aplica a pedagogia do coração que consiste na educação encharcada de amor e cuidado. O jeito de ser de Jesus revela quanto precioso tem sido o testemunho do pai e da mãe e a importância de contar sempre com a presença deles. José se torna, portanto, o “salvador” do salvador. Deus queira que toda criança que vem ao mundo possa contar sempre com uma família e um pai presente e cuidadoso como José, exercendo com responsabilidade sua paternidade. Parabéns aos pais que são assim, às mães que assumem também o papel de pai e aos pais que cuidam dos filhos e filhas que não podem contar com seu pais biológicos.
(pe. Xavier Paolillo, missionário comboniano)