São Pedro Claver, “escravo dos escravos” na modernidade
Quem é…
Nascido em Verdú, na Catalunha (Espanha) em 1581, entrou na Campanha de Jesus em 1657, conhecidos como Jesuítas, com 21 anos de idade em Barcelona. Ele foi ordenado sacerdote, e com 29 anos de idade foi enviado para Cartagena (Colômbia) como missionários onde exerceu o seu apostolado com os escravos por mais de quarenta anos a tal ponto de ser chamado de apostolo dos negros. Faleceu em 1654 e canonizador em 1888 por Papa Leão XIII.
Seu trabalho
No seu apostolado com os escravos, ele presenciava a chegada a cada ano, entre 12 a 14, de navios carregados com escravos trazidos dos países do contente africano, em “… porões escuros, úmidos, de ar mofados, amarrados pés e mãos com argolas” (cf. Dom Servilio Conti, 2003, O Santo do Dia), onde eram tratados como animais, e ao longo das viagens alguns morria por falta de cuidado e alimentação. Na época de São Pedro Claver, a mercado de escravos era muito comum, que hoje marcou e manchou a história da América Latina. (idem.p.394-396)
São Pedro Claver, Escravos dos escravos
Pedro Claver foi um dos grandes missionários que levantavam a vos para denunciar os poderosos da época contra a deshumanização e deshumanidade. Infelizmente, a maioria dos missionários que falava contra essa pratica maldosa eram expulsos e ameaçados de morte. São Pedro Claver ajudou na libertação de mais de trezentos mil escravos, fez curativos os maltrados e doentes, alimentou os famintos e sempre se considerou “escravo dos escravos”, para afirmar a sua disponibilidade e serviço dos escravos oriundos do continente da África. [cf. Das Cartas de São Pedro Claver, 1627]
Escravatura moderna
Talvez não exista hoje escravatura como no tempo de São Pedro Claver, todavia, podemos falar hoje de diversos tratos desumanos, que muitas pessoas, nativos e estrangeiras, enfrentam nas mãos de pessoas mais poderosas, que pensam que pode ainda hoje abusar das pessoas com trabalho escravo, como mão de obras barato e mal pago e até sem remuneração. Infelizmente, existem mundialmente, sistemas de governos que facilitam e protegem esse tipo de trabalho, ao não estabelecer leis trabalhistas justas, falta de cumprir os direitos humanos universais de imigração de pessoas em buscar de melhores condições de vida para autossustentação e suas famílias, falta de estrutura de acolhida das pessoas vítimas de guerras, diferente do tempo de São Pedro Claver, onde as pessoas eram trazido a força, vítimas de instabilidades econômicas e de guerras, de fome, de calamidades naturais, etc.
Realidade atual
Diante dessa realidade moderna de escravatura, somos interpelados e desafiados pelo São Pedro Claver que dedicou toda a sua vida a favor dos mais pequenos e injustiçados pelos mestres da escravidão, para avaliarmos o nosso estílo de vida e de missão e ser igreja hoje. Que possamos como ele fez: “assim lhes [os escravos] falamos, não com palavras, mas com obras”[Das Cartas de São Pedro Claver, 1627]. Será que as nossa missão e compromisso com o Evangelho de Jesus Cristo de Nazaré, uma Boa Nova de Paz no mundo, de acolhida dos irmãos (Fratelli Tutti), de criar oportunidades iguais para todos nessa Casa Comum (Laudato Si), de solidariedade com os mais pobres e abandonados e condenados a morte pelos sistemas de economia contrário a da economia de São Francisco e Santa Clara? Essas e muitas perguntas podem ser levantados para que possamos rever todas as nossas estruturas, tanto civis como eclesiásticos para servir e amar melhor.
São Pedro Claver, Rogai Por Nós!
Que São Pedro Claver, patrono dos missionários e “escravos dos escravos” desperte o coração de cada mulher e homem para uma visão de vida e mundo mais fraterno, humanizador e acolhedor.
Pe. Cosmas Musonda,
Missionário Comboniano