
SE QUISER SABER QUEM É JESUS, PERGUNTE AO PAI
“E vós, quem dizeis que eu sou?”*(Mt 16,13-19)
Jesus gosta de perguntas. A sua metodologia missionária não consiste em tirar dúvidas e dar respostas, mas em suscitar questionamentos que abrangem todos os campos da existência humana. Nós, ao contrário, as detestamos e as evitamos. Quando não tem jeito de driblá-las, buscamos responder imediatamente.
Deixar uma pergunta sem resposta é sinal de insegurança. Em matéria religiosa, a pergunta sem resposta é vista como sintoma de falta de fé. Quando não sabemos o que responder, recorremos às respostas pré confeccionadas, tanto mais sofisticadas quanto maior é o domínio teórico que temos sobre o assunto. São respostas frias e calculadas que não envolvem. Não conseguimos lidar com o constrangimento de não saber o que responder. E, se a pergunta produz certo incômodo, no lugar de permitir que nos questione, a colocamos em discussão e procuramos enquadrá-la.
As perguntas são mais importantes
Para Jesus a pergunta vale mais do que a resposta, porque estimula a procura. Acorda o coração adormecido ou manipulado e o põe em busca da Verdade. É uma investigação incansável que só sossega quando a encontra. “Inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em Ti”, dizia Sant’Agostinho. Através de Suas perguntas, Jesus abre caminhos, atiça o desejo de Deus e produz o envolvimento em Seu Projeto.
Os seus questionamentos, longe de criar constrangimento, pretendem tocar o coração e abri-lo a uma comunicação direta com o Pai, coração a coração, pois só Ele é único que pode sugerir as respostas às nossas perguntas. É isso que acontece com Pedro. Quando responde “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” não está dizendo o que acha, mas o que o Pai lhe revela: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no Céu” (Mt 16,17).
Resposta de Pedro
Após uma longa caminhada atravessada por incompreensões, dúvidas, contradições e até traições, Pedro desiste de sua opinião pessoal e chega a conhecer a e aceitar aquela do Pai. A sua resposta a respeito da identidade e missão de Jesus não coincide com seu ponto de vista, mas com aquele de Deus.
A fé não é a posse da resposta, mas é sair à procura dela em companhia do Espírito de Jesus de Nazaré. Sem essa busca incessante, corremos o risco de usar e abusar do Evangelho e instrumentalizar Jesus para sustentar nossas opiniões e justificar nossas escolhas equivocadas. Quem quiser saber quem é Jesus pergunte para o Pai. A verdadeira resposta só virá d’Ele. Fora do seu “contexto familiar” teremos um Jesus familiarizado com nossos interesses.
Pe. Xavier Paolillo, missionário comboniano
Fotos: Pixabay