Servo por Amor
Como Deus, Jesus poderia ter exigido um tratamento de “senhor”, deixando-se servir. Mas, em vez de afirmar seus direitos soberanos, ele renunciou a eles em favor das multidões, fazendo-se seu servo e dando sua vida por seu resgate, isto é, por sua libertação de qualquer espécie de opressão. Ao escolher a condição de servo, ele se propôs a ficar mais próximo daqueles e daquelas que viviam na escravidão e a restituir-lhes a consciência de sua dignidade e liberdade. Esse seu jeito de ser exige uma mudança de mentalidade. Não surge espontaneamente. Requer conversão. “O/a cristão/ã não tem a menor participação em Cristo, nem a mais remota comunhão com ele, se não se coloca em harmonia com ele em seu rebaixamento e espírito de serviço” (Kierkegaard). Jesus fez-se pequeno até a morte na cruz (cf. Fl 2, 5-11). Entrou em Jerusalém desarmado, montando num jumentinho e não numa máquina de guerra. Não impugnou insígnias de comando nem vestiu paramentos luxuosos, mas espoliou-se das prerrogativas divinas para vestir o avental. Não correu atrás de cargos, mas de serviços. Dobrou-se aos pés dos discípulos. Apontou o serviço como estilo de vida bem-sucedida. Não acabou com a competição, mas reverteu seus termos. Ensinou que crescer na vida é saudável, mas, na lógica do Evangelho, o progresso não se dá pela subida, mas pela descida; não acontece pela luta fratricida, mas pela solidariedade e a comunhão fraterna. O poder rebaixa. O serviço enaltece. Ganha na vida não quem coloca os outros sob seus pés, mas quem se coloca aos pés dos outros, quem se abaixa e serve como o Mestre. A melhor competição, portanto, não é aquela que faz de tudo para eliminar os adversários, mas a união de todos/as em busca do bem comum. É aquela onde todos/as ganham. É nela que o cristão é chamado a se envolver. O apóstolo Tiago, que teve a sorte de viver uma boa parte da sua vida em profunda intimidade com Cristo e pagou com a sua vida a fidelidade ao Evangelho, nos ajude na peregrinação terrena que nos conduz ao Mestre. (Pe. Xavier Paolillo, missionário comboniano)