Solidariedade com as trabalhadoras e trabalhadores da educação
Sabia que para alguns estudantes a escola é uma “droga”, mas que os professores fossem todos traficantes é uma desconcertante novidade. A caluniosa afirmação foi feita por um deputado federal durante uma manifestação pró armas. No contexto dramático de ataques a escolas que estão espalhando sofrimento e morte, a associação entre armas e criminalização dos professores é grave e criminosa. Incentiva a violência contra os trabalhadores e as trabalhadoras da educação. Só faltou pedir a inserção no currículo escolar de um curso de tiro para que os estudantes que já são “doutrinados” pelo ódio a invadirem escolas com armamento pesado acabem de uma vez por toda com os “perigosos traficantes de doutrinas que acabam com a paz nas famílias”. Tudo isso não pode ficar impune.
Por incrível que pareça, a educação ainda assusta, sobretudo aquela que educa de forma crítica, liberta e protagoniza na construção de um mundo melhor. “O(a) professor(a) é, naturalmente, um artista, mas ser um artista não significa que ele ou ela consiga formar o perfil, possa moldar os/as alunos/as. O que um/a educador/a faz no ensino é tornar possível que os/as estudantes se tornem eles/as mesmos/as” (Paulo freire). Isso não é doutrinar, mas emancipar, conceito que assusta ainda parcelas da população brasileira que gosta de ver o povo de olhos fechados e subjugado a seus interesses. Apesar de todos os desacertos, o Brasil precisou de um presidente sem diploma, não porque não quis estudar, mas porque lhe foi negado este direito, para entender a importância da educação e investir massivamente nela. Para quem fica sentado a vida toda no “Banco da Praça do Preconceito” isso é inacreditável, mas a história está cheia de exemplos de pessoas quem mesmo não tendo um diploma pendurado na parede, esbanjaram sabedoria, inteligência, cultura, humildade e, sobretudo, amor pelo povo.
Obrigado a todos os professores e as professoras por seu incansável trabalho na defesa e promoção da educação. Continuem firmes nesta luta. Sugiro que todos os professores e professoras, individualmente, entrem na justiça. Precisa dar uma basta a tamanha baixaria. A “doutrina do ódio” que eles espalham não passará se ficarmos firmes com uma educação à paz, e à cidadania. Como diz o mestre Paulo Freire, “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”.
(pe. Xavier Paolillo, missionário comboniano)